Em 1985, Camilo Chagas e alguns amigos saíram pelas ruas de Campinas para, aos moldes da Banda de Ipanema, dar uma animada no Carnaval da cidade paulista.
De repente, reuniu "mais de 200, entre mendigos e boêmios", relembraria ele em entrevista há poucos anos.
Nascia assim o Tomá na Banda, o mais antigo bloco campineiro, que neste ano fez seu 30º desfile —já sem o batuque do criador, mas não sem a participação dele.
Debilitado por uma hepatite C e uma pneumonia, Camilo não conseguiu pular os últimos Carnavais, mas sempre dava um jeito de convencer médicos e familiares de ao menos deixá-lo acompanhar a passagem do Tomá pelas ruas da cidade que adotou para viver desde criança.
Um "agitador cultural", sempre incentivou artistas locais e regionais, dando espaço a novatos e consagrados no bar Ilustrada, que movimentou a noite de Campinas nas décadas de 1980 e 90 com sua música ao vivo.
Às segundas-feiras, quando bares da capital paulista ficavam fechados, levava artistas de São Paulo para lá tocar. Durante os shows, suspendia até o serviço da cozinha só para não atrapalhar os músicos, como Jards Macalé, Walter Franco e Tom Zé.
As bandas que se apresentavam com frequência no Ilustrada deram origem a dois LPs, um de MPB, que predominou na primeira fase, e outro de rock, que prevaleceu nos últimos anos do local.
O alegre e aglutinador Camilo morreu na segunda (2), aos 63, de insuficiência respiratória. Deixa cinco filhos, dois netos e cinco irmãos.