Folha de S. Paulo


Sabesp mudou técnica para tentar induzir chuvas na região de represas

A Sabesp ainda faz bombardeamento de nuvens atualmente para tentar induzir chuvas na região das represas, mas com um método diferente do adotado nos anos 60.

Em vez de gelo seco, a nova técnica é com gotículas de água. A estatal mantém contrato de R$ 4,48 milhões com a empresa Modclima para a semeadura de nuvens na região dos sistemas Cantareira e Alto Tietê. Os últimos voos foram feitos em fevereiro.

De acordo com Carlos Augusto Morales, professor de física das nuvens da USP, tanto gelo seco como gotículas de água são processos sérios, mas cuja eficácia está associada à ocorrência de nuvens e ao tipo delas.

Isso porque há nuvens quentes e nuvens frias. As primeiras, mais baixas e feitas apenas de água, devem ser semeadas com gotículas de água. As frias, mais verticais, têm água na parte baixa e gelo na parte alta e devem ser semeadas com gelo seco.

Segundo Morales, as chuvas em São Paulo são basicamente oriundas de nuvens frias. Portanto, diz, o método adequado à região é o de gelo seco. Para o especialista, o bombardeamento feito pela empresa contratada pela Sabesp "é jogar dinheiro fora, porque não funciona".

'CIDADÃ'

Alertada pelo pai (um piloto de avião que trabalhava com semeadura de nuvens para provocar chuvas no Norte do país havia quase 40 anos), a médica Maria Emília Gadelha Serra chegou a procurar empresas e governo de São Paulo nos últimos meses para sugerir a técnica do gelo seco na atual crise hídrica.

Ela se reuniu com o Daee e com a Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos, mas não houve resultados concretos. Por meio de sua ouvidoria, a Sabesp respondeu que o método de gelo seco não tinha eficácia comprovada.

"Meu interesse é como cidadã", afirma a médica. "Resolvi pesquisar e descobri uma técnica genial, que ficou esquecida e merece ser recuperada", diz Maria Emília, que teve a ideia após um telefonema do pai em outubro de 2014, no qual contava como incentivar chuva com gelo seco.


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