Folha de S. Paulo


Aluna de pedagogia da USP faz registro falso de estupro

Em meio a denúncias de violência sexual dentro das instalações da USP, a estudante Sandy Mayumi Makiyami Saguri, 23, do curso de pedagogia da universidade, fez um registro falso de estupro à polícia e apontou um PM fardado como o autor da violência.

Primeiramente, a jovem telefonou para o 190 da polícia, pediu por socorro e, em seguida, narrou que havia sido vítima da violência sexual nas proximidades de uma pizzaria da capital.

Uma equipe de policiais foi ao local, e ela foi levada para exames em um hospital no Tatuapé, na zona leste.

Nenhum ponto de agressão foi encontrado, e a garota acabou relatando que havia inventado o caso, que aconteceu em 28 de fevereiro.

"Bebi muito naquela noite, a ponto de alucinar", disse a estudante à Folha.

"Estava louca e não falava coisa com coisa. Não sei porque disse que fui estuprada e ainda mais por um policial. Agora estou sendo perseguida e recebendo ameaça de estranhos", completou a aluna de pedagogia da USP.

No boletim de ocorrência sobre o caso, acompanhado pelo delegado Gustavo Galvão Bueno, a estudante declarou que mentiu sobre o estupro porque faz parte de um "grupo" que tem por objetivo espalhar informações falsas para "chamar a atenção" de veículos da imprensa.

À Folha ela negou que tenha relatado essa informação aos policiais e afirma que não sabe que grupo seria esse.

Nas redes sociais, a estudante se coloca como membro de diversos manifestos feministas, de liberdade de gênero e anárquicos, como o "Quebrando as grades: Luta por um mundo sem prisões".

"A única coisa nesse sentido que me perguntaram foi se eu já tinha feito parte de algum grupo social organizado. E eu disse que sim."

A estudante não fez queixa formal à polícia sobre as ameaças que diz estar recebendo pela internet e, por ora, também não contestou oficialmente o conteúdo do registro da ocorrência policial.

Nesta quinta-feira (5), após conversa com a Folha, ela encerrou a conta que mantinha no Facebook.

"Já me desculpei legalmente. O que mais tenho de fazer? Jamais imaginei que uma bebedeira causaria isso."

A polícia ainda não tem elementos que indiquem a existência de pessoas organizadas para espalhar informações falsas sobre crimes.

A estudante poderá ter de responder por falsa comunicação de crime na Justiça.

DENÚNCIAS

A USP tem aberto sindicâncias em faculdades onde há denúncias de estupro que partiram de alunas e encaminhado os resultados para a sua procuradoria-geral.

Os casos de violência sexual, segundo a maioria das vítimas, teriam acontecido em festas de estudantes.

Procurada pela reportagem, a assessoria da reitoria da universidade não quis se manifestar sobre o caso dessa aluna de pedagogia.


Endereço da página: