Depois de ficar mais de um mês aberto, o terreno reivindicado por ativistas para se tornar o parque Augusta, na região central de São Paulo, deve ser alvo de uma reintegração de posse na quarta-feira (4).
Integrantes do movimento Organismo Parque Augusta (OPA), que ocupa a área, promoveram um evento neste domingo (1) com música, grafiti e aulas públicas para protestar contra a decisão judicial que autorizou a reintegração do terreno.
Segundo os organizadores da atividade, os músicos Karina Buhr, Edgard Scandurra e Bárbara Eugênia aceitaram se apresentar no evento em troca de sacos de lixo retirados do terreno pelo próprio público.
O terreno pertence às construtoras Setin e Cyrela, que planejam erguer três edifícios na área.
Evento contra reintegração de posse do parque Augusta
Evento contra reintegração de posse do parque Augusta
INDENIZAÇÃO
O Ministério Público e a Prefeitura de São Paulo anunciaram no dia 13 de fevereiro um acordo para que parte das indenizações a serem recebidas por recursos desviados pelo ex-prefeito da capital paulista Paulo Maluf (PP-SP) fosse destinada à construção do parque.
Os bancos Citibank (EUA) e UBS (Suíça) se comprometeram a pagar US$ 25 milhões (equivalente a R$ 71 milhões) por terem sido usados para movimentar quantias que desviadas na prefeitura de São Paulo entre 1993 e 1998.
Bancos usados por Maluf devolverão US$ 25 milhões aos cofres públicos
Mesmo com a medida, o destino da área continua incerto, de acordo com os ativistas do movimento OPA.
HISTÓRICO
O Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) aprovou em 27 de janeiro o projeto das construtoras Cyrela e Setin para erguer três torres no terreno disputado pelos ativistas do parque Augusta.
Os três edifícios autorizados não podem ocupar mais de 40% do terreno, de acordo com o Conpresp. O restante deverá ser destinado para a construção de um parque com acesso público e administração particular.
Conselho aprova construção de prédios na área do parque Augusta
Em dezembro de 2013, o prefeito Fernando Haddad (PT) aprovou a criação do parque, mas a Secretaria Municipal do Verde informou que a prefeitura não conseguiria arcar com os custos para desapropriar a área. Na época, a avaliação estimava o valor da desapropriação em R$ 70 milhões.
O terreno é tombado pelo órgão municipal desde 2004. Nos cerca de 25 mil metros quadrados da área estão árvores nativas da Mata Atlântica e parte do Colégio Des Oiseaux, escola tradicional de São Paulo que ocupou a área ao longo do século 20.