Folha de S. Paulo


Suzane assume ter planejado a morte dos pais com o namorado

Condenada a 39 anos de prisão pela morte dos pais, Suzane von Richthofen, 31, deu detalhes sobre o assassinato, ocorrido em 2002, e afirmou que o crime foi planejado por meses. Suzane arquitetou o assassinato dos pais junto com o ex-namorado Daniel Cravinhos e o irmão dele, Christian.

Em entrevista para a Rede Record, a ré confessa admitiu que o crime foi premeditado por ela e os irmãos Cravinhos.As declarações foram dadas ao apresentador Gugu, que estreou seu programa na Record na noite de quarta-feira (24).

Suzane afirmou ainda terem sido ela e Daniel os principais mentores dos assassinatos.

"Muita gente me pergunta se a ideia [do crime] foi minha. Todos dizem que eu sou a mentora, a cabeça de tudo. Não é verdade, Gugu. Uma cabeça só não pensa em tudo. É uma junção de tudo, concorrência de ideias. Eu fiz parte, mas os três bolaram aquilo. Eu acho que o Cristian sabia menos da situação, mas, infelizmente, tanto o Daniel quanto eu temos culpa nessa parte", declarou.

Em entrevistas anteriores, Suzane havia apontado os irmãos Cravinhos como idealizadores da morte dos seus pais, embora o Ministério Público sempre tenha defendido que ela era a mentora do crime.

Suzane admitiu ainda que tenta esquecer o crime e voltar ao passado pois se diz arrependida. "Isso é uma coisa que não tem como esquecer. Faz parte da minha vida, da minha história. Eu me arrependo. Queria pular os 14 anos, não ter conhecido ele [Daniel], não ter namorado. Como eu queria".

A presidiária disse ainda que não vê o irmão Andreas desde 2006, quando aconteceu o julgamento. Segundo ela, ele chegou a visitá-la quando estava presa na capital, mas que o irmão não apareceu mais. "Eu sei que meu irmão sofreu muito, mas como ele passou estes anos, eu não sei. Se eu sofri aqui dentro [no presídio de Tremembé, onde está há sete anos], imagino ele lá fora. Quando ele diz o sobrenome, qualquer um reconhece, e ele terá que carregar isto pra sempre".

De acordo com ela, Andreas não queria se afastar da irmã após a confissão do crime: "Na época, ele me disse: 'Su, eu perdi meu pai, minha mãe. Eu não quero perder minha irmã. Eu te perdoo e vou ficar com você'", disse ela ao apresentador. Ela acredita que um dos motivos do afastamento pode ter sido a herança, da qual abriu mão em 2014.

Na entrevista, ela afirmou não ter consciência do valor do dinheiro do qual abriu mão: "Este dinheiro nunca foi meu. Era dos meus pais e hoje pertence ao meu irmão", disse.

SEGURANÇA NA PRISÃO

A jovem está presa em Tremembé, no interior de SP, e diz que a cadeia é o único lugar que ela se sente segura. Por isso, ela optou em pedir à Justiça o adiamento da progressão de sua pena para o regime semiaberto.

"Eu já passei por vários lugares do sistema penitenciário de São Paulo e sofri um bocado. Aqui [em Tremembé] encontrei tranquilidade, respeito, um emprego. Não tem outro lugar onde eu possa ter a segurança que tenho", disse.

Caso não tivesse solicitado o adiamento, Suzane seria transferida para outro presídio, de onde poderia sair durante o dia para trabalhar.

Durante a entrevista, ela contou ao apresentador que, no período em que ficou presa em Ribeirão Preto, ouvia boatos de que alguém arquitetava um plano para lhe matar, em troca de R$ 500 mil.

"Minha passagem por Ribeirão foi um pouco tumultuada. Ninguém nunca me falou: 'Vou te matar'. Mas eu ouvia conversas".

Em Tremembé, Suzane mantém uma relação com outra presidiária, Sandra Regina Gomes, condenada a 27 anos de prisão pelo sequestro e morte de um adolescente em Mogi das Cruzes (SP).

"Sandrão", como é conhecida na cadeia, também deu entrevista ao programa. A segunda parte da conversa vai ao ar nesta quinta (27).

Suzane ainda confirmou ter sido cortejada, em Ribeirão Preto, por um promotor que teria se apaixonado por ela e prometido tirá-la da "vida do crime".

"Ele foi lá pra averiguar se eu tinha regalias em Ribeirão, viu que não tinha nada a ver. Passou um tempo, me chamou no Ministério Público. Eu pedi ajuda para conseguir minha transferência de lá e ele começou a fazer declarações para mim", contou. "Aquilo, para mim, não tinha nada a ver. Como assim? Era uma autoridade e eu estava pedindo ajuda para ser transferida".

VAIDOSA

Na cadeia, Suzane costura uniformes e artigos para a "Dasprê", espécie de grife das presidiárias com nome inspirado na boutique Daslu.

Maquiada e com unhas feitas, ela se disse ser uma mulher vaidosa, mesmo dentro do presídio.

"A vaidade faz parte de mim. A mulher tem que se cuidar em qualquer lugar. Aqui não dá para fazer muita coisa. Dá para fazer as unhas, maquiagem, mas não tem muito recurso. As presas mesmo fazem umas nas outras".

Sobre os planos para quando ganhar a liberdade, ela disse ter vontade de fazer faculdade de administração para tocar um negócio ligado à costura.

"Eu nunca tinha trabalhado na vida. Dentro da cadeia aprendi a dar valor ao salário. Ter responsabilidade pelo dinheiro".


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