Folha de S. Paulo


Protesto reúne 10 mil servidores em frente à sede do governo do PR, diz PM

Cerca de 10 mil servidores e professores em greve estão, segundo a Polícia Militar, em frente à sede do governo do Paraná, nesta terça-feira (10), em protesto contra as recentes medidas de austeridade do governador Beto Richa (PSDB).

As ruas ao redor do Palácio Iguaçu, em Curitiba, foram fechadas. Os servidores carregam faixas criticando Richa, chamado de "caloteiro", e pedem "o dinheiro do Paraná de volta". Aos gritos, clamam "Fora, Richa".

O tucano, reeleito no ano passado, tem enfrentado uma crise financeira há pelo menos dois anos, que já forçou o Estado a suspender obras, atrasar pagamentos e parcelar salários.

Neste ano, ele cortou milhares de funcionários da educação às vésperas do início do ano letivo, para poupar despesas, além de ter atrasado pagamentos aos professores e fechado turmas em todo o Estado. Os professores entraram em greve nesta segunda (9).

Na última semana, o tucano propôs ainda um pacote de medidas para aliviar o caixa, que incluem a mudança da previdência dos servidores públicos (que passam a ter um teto de vencimentos), o fim do anuênio e o corte de um quarto do orçamento.

O "pacotaço das maldades", como foi apelidado pela oposição, é o principal alvo dos protestos dos servidores.

VOTAÇÃO

As propostas de austeridade começaram a ser votadas nesta terça na Assembleia, que fica em frente à sede do governo do Paraná.

Os manifestantes montaram um painel no local, indicando os deputados "amigos e inimigos da educação", a depender de seu posicionamento. A sessão está sendo transmitida ao vivo, em um carro de som. Há vaias e aplausos, conforme os deputados se manifestam contra ou a favor do projeto.

Na segunda, o governo voltou atrás em alguns pontos e disse que vai manter o pagamento de anuênios e os mecanismos de promoções para professores, que seriam alterados com o projeto. Mesmo assim, a insatisfação continua.

"Isso não é uma conquista; é um direito que o governo queria tirar", diz a professora Gilce Sebben, 32, que protestava em frente à Assembleia.

O pacote está sendo votado na chamada "comissão geral", um mecanismo pelo qual os projetos de lei são aprovados rapidamente em plenário, sem precisar passar pelas comissões. No Paraná, o método ficou conhecido como "tratoraço".

O governo argumenta que as medidas são "duras, mas necessárias", e que precisam ser aprovadas para garantir o pagamento dos salários daqui para frente e o cumprimento das contas do Estado. "O momento é dificílimo. O país atravessa uma crise", afirmou o líder do governo, deputado Luiz Cláudio Romanelli (PMDB).

Até a publicação desta reportagem, a votação ainda não havia terminado.

Os sindicalistas prometem permanecer no protesto até o encerramento da votação.


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