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Tempestade de granizo amassa avião e piloto faz pouso de urgência

Reprodução/GloboNews
Tempestade de granizo amassa avião e piloto faz pouso de emergência
Tempestade de granizo amassa avião e piloto faz pouso de emergência

Um raio atingiu um avião no último domingo (8), no Rio, e obrigou o piloto a fazer um pouso de urgência. O avião da TAM Linhas Aéreas viajaria do aeroporto do Galeão, no Rio, para Natal, com escala em Fortaleza.

Ele partiu às 17h18, mas teve que retornar logo depois, após um raio atingir o avião e danificar o radar meteorológico. A aeronave fez um pouso de urgência no Galeão às 18h01 - a diferença entre um pouso de urgência e de emergência é que no primeiro a situação do avião é menos grave, segundo a TAM.

Em nota, a companhia aérea explicou que, no trajeto, passou por uma área de turbulência e granizo que não foi detectada pelo radar, que estava danificado.

A informação sobre a causa do acidente só foi divulgada no início da noite de segunda (9).

Especialistas em aviação ouvidos pela Folha dizem que o incidente é incomum.

"Se a TAM afirma que foi o raio que fez o radar deixar de funcionar, ele pode estar com um problema mecânico", diz o consultor de aviação e professor de segurança de voo Jorge Barros.

Segundo Barros, aviões e radares são feitos para serem extremamente resistentes a raios, e não é incomum um avião ser atingido por um.

"O incidente poderia ter sido evitado por uma série de medidas, a começar pelo planejamento de voo da companhia. Como o avião vai decolar numa região com formação meteorológica assim?", comenta.

Ainda assim, para ele, o incidente não foi grave, opinião que divide com o consultor técnico Adalberto Febeliano.

"Não é trivial, mas também não é grave, pois o piloto ainda tinha controle da situação - foi um pouso de urgência, não emergência."

Fotos divulgadas na internet mostram que o nariz do avião afundou com o impacto do granizo.

"Ele abriga o radar, portanto tem que ser composto de um material que não intervenha na transmissão", explica o diretor de segurança da Abear (Asociação Brasileira de Empresas Aéreas), Ronaldo Jenkins de Lemos.

Especialistas dizem que é possível que uma tempestade de granizo cause danos dessa proporção ao nariz da aeronave pelo fato de ele ser mais fino do que o restante do avião.
"Pelas fotos, fica a impressão de que as pedras que atingiram o avião eram grandes – talvez de 15cm de diâmetro", diz o ex-diretor de segurança de voo do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Carlos Camacho.

O avião teve que passar por manutenção corretiva. Por isso, os passageiros foram obrigados a trocar de aeronave. Os que iam para Fortaleza embarcaram num voo que deixou o Galeão às 21h. Já os que iam para Natal foram alocados num outro voo, que partiu no mesmo horário.

Em nota, a TAM informou que "há uma investigação em andamento para apurar a ocorrência e está prestando todos os esclarecimentos necessários para as autoridades". Acrescentou que os passageiros receberam a assistência necessária.

"A companhia reforça que seus pilotos são treinados para atuar em situações desse tipo e que todas as suas operações visam o bem-estar de seus clientes e funcionários", diz a nota.


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