Folha de S. Paulo


Estudante tem as pernas queimadas em trote em cidade do interior de SP

Depois de ter as pernas queimadas em um trote em Adamantina (a 594 km de SP), na noite de segunda-feira (2), a estudante Nathália de Souza Santos, 17, pensa em desistir da faculdade de pedagogia.

A jovem sofreu queimaduras de terceiro grau nas duas pernas após ser atingida por um líquido ácido, jogado por alunos veteranos. Segundo ela, a agressão aconteceu no início das aulas da FAI (Faculdades Adamantinenses Integradas), que tem mais de 4.000 alunos.

A família da jovem registrou boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher de Adamantina, que vai investigar o caso. O caso provocou revolta na internet.

Arquivo Pessoal
Estudante Nathália de Souza Santos, 17, que diz ter sofrido queimaduras nas pernas em trote violento em Adamantina (SP)
Estudante Nathália de Souza Santos, 17, que diz ter sofrido queimaduras nas pernas em trote violento

Nathália, que mora em Flórida Paulista, a 16 km de Adamantina, conta que desceu do ônibus que levava os alunos até a cidade vizinha já preparada para o trote. "Uns veteranos desceram do ônibus gritando 'Bicho, pega o bicho' e jogaram o líquido nas minhas pernas", diz.

Ela afirma que começou a sentir um ardor no local atingido quando as pernas ficaram molhadas de chuva. A jovem foi levada para o pronto-socorro da Santa Casa de Adamantina e medicada.

De acordo com a médica Fernanda Vichietti Mantovanelli, que atendeu Nathália, ainda não é possível identificar o líquido. As duas pernas da adolescente estão enfaixadas e ela tem dificuldade para se locomover.

Segundo Nathália, os alunos misturaram algum ácido com o remédio Lepecid, usado para tratar feridas de animais. Ela disse que não conseguiu identificar os autores do ataque porque havia muita gente no local.

Arquivo Pessoal
Estudante Nathália de Souza Santos, 17, que diz ter sofrido queimaduras nas pernas em trote violento em Adamantina (SP)
Estudante Nathália de Souza Santos, 17, que diz ter sofrido queimaduras nas pernas em trote violento

Como mora em outra cidade e precisa pegar ônibus todos os dias para ir e voltar a Adamantina, a estudante pensa em desistir do curso. "Acho que não vou mais. Tenho dificuldade para andar e estou pensando em abandonar", disse.

"Amanhã (4), ela virá até a delegacia e vamos ouvi-la, pegar mais detalhes sobre o caso. Depois, ela fará exame de corpo de delito e vamos abrir um inquérito policial para investigar o caso e descobrir quem foram os autores", disse a delegada da unidade, Patrícia Tranche Vasques.

A assessoria de comunicação da FAI informou, em nota, que "repudia toda e qualquer forma de violência e lamenta o episódio de trote violento ocorrido fora das dependências da instituição".

A faculdade afirmou, também, que realiza campanhas de incentivo ao trote solidário e que reforça a segurança interna em seu campus, contratando equipes especializadas para coibir esse tipo de ação.

"Caso seja constatado que os responsáveis pelo ato violento são alunos veteranos, a FAI tomará as medidas administrativas cabíveis, de acordo com o seu regimento interno, que podem culminar na expulsão desses indivíduos de seu quadro de discentes", finalizou a faculdade, em nota.


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