Folha de S. Paulo


Arquitetos criticam pintura de grafite em parede tombada do centro de SP

Arquitetos e urbanistas criticaram nesta segunda (2) a pintura de grafites no monumento conhecido como Arcos do Jânio, parede de tijolo na região de avenida 23 de Maio, no centro de São Paulo. A obra é tombada como patrimônio histórico da cidade.

Os grafites, feitos no fim de semana, foram autorizados pela gestão do prefeito Fernando Haddad (PT). O Conpresp (conselho municipal de preservação) deu carta branca à intervenção artística.

"Os Arcos foram tombados porque têm que ser preservados", diz a arquiteta Lucila Lacreta, do movimento Defenda São Paulo. "Grafite não pode ser feito em qualquer lugar."

Moacyr Lopes Junior - 1º.fev.15/Folhapress
Artistas pintam grafites em paredes dos Arcos do Jânio, patrimônio histórico de São Paulo
Artistas pintam grafites em paredes dos Arcos do Jânio, patrimônio histórico de São Paulo

Construídos na década de 1920, os Arcos ficaram parcialmente escondidos por cerca de 60 anos pelos cortiços erguidos no entorno.

Na década de 1980, o prefeito Jânio Quadros (1986-1988) retirou as moradias. O monumento, já à vista, ganhou como apelido o nome do político.

"É uma interferência sem relação com o monumento. É como fazer grafite no muro de uma catedral", diz Lucio Gomes, arquiteto e ex-conselheiro do Conpresp.

Para ele, a tinta do grafite, que pode impermeabilizar a parede de tijolos, causará danos ao monumento.

No domingo, a atual presidente do Conpresp, Nadia Somekh, disse que enviaria técnicos para verificar a situação das paredes. Segundo ela, o muro já é impermeabilizado. Ela não foi encontrada nesta segunda.

A prefeitura diz que o grafite foi liberado pelo caráter "reversível" da pintura e por sua concentração nos vãos dos arcos e não nos tijolos aparentes.


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