Folha de S. Paulo


Haddad autoriza grafite em parede de patrimônio histórico

O colorido do grafite que tomou os murais da avenida 23 de Maio –um dos principais corredores viários de São Paulo– atingiu um patrimônio histórico de quase cem anos.

A estrutura de tijolo à vista, conhecida como Arcos do Jânio, localizada sob o viaduto da rua Jandaia, no centro, teve paredes cobertas pela arte urbana contratada pelo prefeito Fernando Haddad (PT).

"Sempre há alguns conservadores que não aprovam, mas eles serão convencidos que o grafite é uma realidade favorável a São Paulo", disse Haddad neste domingo (1º), em frente aos Arcos.

Construídos na década de 1920, os Arcos permaneceram parcialmente encobertos por cerca de 60 anos pelos cortiços erguidos no seu entorno.

Moacyr Lopes Junior/Folhapress
Artistas pintam grafites em paredes dos Arcos do Jânio, patrimônio histórico de São Paulo
Artistas pintam grafites em paredes dos Arcos do Jânio, patrimônio histórico de São Paulo

Na década de 1980, o prefeito Jânio Quadros revitalizou a região e, por trazer de volta o monumento à vista dos paulistanos, teve o seu nome popularmente incluído ao da estrutura.

Protegidos pelo patrimônio histórico municipal desde 2002 por força de lei, os Arcos precisam ser "integralmente preservados", segundo o Conpresp (conselho municipal de preservação).

Mas o próprio órgão da prefeitura autorizou, em dezembro, os desenhos nas paredes internas do patrimônio.

"Não fizemos uma análise estrutural nas paredes, mas o conselho permitiu a intervenção com grafite no local", afirmou Nadia Somekh, presidente do Conpresp.

Para Nestor Goulart, especialista da USP em história da urbanização, "a grafitagem é esteticamente interessante."

Mas pondera: "a parede precisa ventilar. Certas tintas de grafite impedem a saída da umidade e podem causar danos à estrutura."

Já Somekh afirmou que, antes do grafite, as paredes já eram impermeabilizadas. "Vamos encaminhar técnicos que verificarão a situação", disse em entrevista à Folha.


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