Folha de S. Paulo


Moradores de Barretos, interior de SP, reclamam de água suja na torneira

Moradores de Barretos, que enfrentam racionamento de água desde outubro do ano passado, reclamam do líquido de cor escura que sai das torneiras quando o abastecimento é reestabelecido.

A situação ocorre em pelo menos seis bairros: centro, Nova Barretos, Grande Horizonte, Ibirapuera, Cristiano de Carvalho e Cecap 2.

De acordo com relatos dos moradores, o problema começou em dezembro, mas vem se intensificando e piorou nesta semana.

Segundo o Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto), a situação ocorre devido ao rompimento de rede adutora. Como consequência da falha, água com barro entra na rede de distribuição.

O órgão também afirma que o problema é pontual e "ocorre em qualquer lugar do mundo onde é necessária a manutenção na rede".

Mas não informou, no entanto, quantas adutoras foram rompidas, já que os bairros ficam em locais distintos.

"Antes a água era amarelada e agora está totalmente marrom", disse a faxineira Lucélia Oliveira, 35, que mora no Ibirapuera.

Dois dos oitos filhos dela estão com diarreia desde segunda-feira (26), e a faxineira acredita que o fato tem relação com a água escura.

Toda semana, o marido dela compra um galão de água filtrada de cinco litros para a família beber e cozinhar.

No entanto, banhos e a limpeza da casa estão sendo feitos com a água "suja".

"A gente não tem condições de comprar mais galões de água", afirmou.

Já a superintendente hospitalar Denise Leite, 48, que mora no bairro América, disse que o problema persiste há 45 dias no local.

Desde então, ela diz que compra 120 litros de água mineral por semana, ao custo de R$ 48.

A água comprada é usada também para lavar a louça. Já os vasos sanitários e a máquina de lavar roupa têm ficado encardidos, disse.

Com o agravamento da situação no município, o empresário Paulo Aparecido Quiero, 54, vê o movimento de sua lavanderia subir.

"Antes, a gente lavava 15 trouxas de roupas por semana. Somente nesta semana, já subiu para 25", afirmou.

No entanto, Quiero relata que todos os dias pela manhã realiza um processo de decantação, já que a lavanderia também recebe água suja nas torneiras.

EXAME VISUAL

Segundo Edério Bidóia, professor do Instituto de Biociências da Unesp de Rio Claro, a população pode fazer um exame visual e sensorial da água antes do consumo.

"Se estiver escura, com cheiro, é melhor não consumir", disse. O ideal, segundo ele, é que o Saae faça uma análise da água nos bairros onde há o problema.

O engenheiro químico Paulo Finotti, vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pardo, afirmou que essa água não deve ser ingerida mesmo se fervida.

"O fervimento elimina bactérias, mas não eventuais produtos químicos", disse.


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