Com o maracá de prata em mãos, Humberto Barbosa Mendes comandou o Boi de Maracanã por cerca de quatro décadas. Era compositor e intérprete de um dos mais tradicionais grupos de bumba meu boi do Maranhão.
A voz de guriatã (ave de canto melodioso que lhe rendeu tal apelido entre colegas) já era conhecida desde seus 12 anos. Pequeno, acompanhava os mais velhos na tradição; chegou a ser "boizinho" com outras crianças.
Com a "oficialização" do grupo em 1972, tornou-se mestre e foi batizado de Humberto de Maracanã, como passaria a ser conhecido.
"Maranhão, Meu Tesouro, Meu Torrão", sua toada mais conhecida —tinha mais de mil—, virou hino do folclore maranhense e foi gravada pela conterrânea Alcione.
Mestre em cultura popular reconhecido pelo Ministério da Cultura e um dos principais divulgadores da tradição musical maranhense, levava os 22 filhos para participar da brincadeira do boi. Três deles cantavam a seu lado.
A mulher, Maria José, é presidente da associação.
Humberto nasceu no Maracanã, bairro da zona rural de São Luís que abriga o grupo folclórico e onde cultivava, literalmente, outra de suas paixões: as hortaliças.
Por algum tempo, tirou da horta o sustento da família, até que o trabalho no boi não lhe permitiu mais mexer com a terra. Desejava, no entanto, voltar para a atividade.
Morreu na segunda-feira (19), aos 75, de infecção generalizada. Além da viúva e dos filhos, deixa netos e bisnetos.
A missa do sétimo dia será às 9h de hoje (25/1), na sede do Boi de Maracanã.