Folha de S. Paulo


Altas temperaturas aceleram ritmo de queda dos reservatórios de SP

As altas temperaturas registradas nos últimos dias em São Paulo aceleram o ritmo de queda do nível dos principais reservatórios que abastecem a região metropolitana da cidade.

Nesta segunda-feira (19), a cidade de São Paulo registrou 36,5°C, a maior temperatura desde o início do verão, em 21 de dezembro.

Além do forte calor, a falta de chuva e o consumo elevado de energia elétrica fizeram com que o nível dos reservatórios de São Paulo registrassem nesta terça-feira (20) queda de, no mínimo, 0,2 ponto percentual em relação ao índice do dia anterior.

De acordo com o balanço divulgado pela Sabesp, o Cantareira opera com 5,6% de sua capacidade após baixar 0,2 ponto percentual em relação ao dia anterior. O sistema vinha caindo 0,1 ponto percentual diariamente desde o dia 11 de janeiro.

O reservatório é responsável pelo atendimento de 6,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo e já opera com a segunda cota do volume morto (água do fundo do reservatório que não era contabilizada). O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), já considera utilizar a terceira cota do volume morto do Cantareira.

Rubens Fernando Alencar e Pilker/Folhapress

O sistema Cantareira registra ainda menos chuva nesse início de 2015. A primeira metade de janeiro trouxe cenário ainda mais pessimista do que era projetado por especialistas e governo: a quantidade de chuva nas represas e a vazão dos rios que poderiam socorrê-lo ficaram muito abaixo da média histórica, enquanto as temperaturas estão elevadas, um incentivo para maior consumo.

A principal aposta da Sabesp para reduzir o consumo de água na Grande São Paulo foi reduzir a pressão na rede. Contudo, essa medida aumenta a possibilidade de contaminação, caso seja feita de maneira equivocada, segundo especialistas.

Em entrevista publicada na Folha nesta segunda, a hidrologista Newsha Ajami, diretora do programa Water in The West, da Universidade de Stanford, disse que a medida não é uma técnica usual na Califórnia, Estado americano que, assim como São Paulo, enfrenta grave seca e crise de abastecimento.

"Não fazemos isso na Califórnia e não achamos que é uma boa ideia. A redução da pressão da água aumenta o risco de contaminação", disse Newsha.

DEMAIS SISTEMAS

Outro sistema que também ampliou seu ritmo de queda foi o Alto Tietê que atinge 10,2% de sua capacidade após baixar 0,2 ponto percentual em relação ao índice de segunda. Desde o dia 13 de janeiro, o sistema registrava queda de 0,1 ponto percentual.

O sistema abastece 4,5 milhões de pessoas na região leste da capital paulista e Grande São Paulo. No dia 14 de dezembro, o Alto Tietê passou a contar com a adição do volume morto , que gerou um volume adicional de 39,5 milhões de metros cúbicos de água da represa Ponte Nova, em Salesópolis (a 97 km de São Paulo).

A represa de Guarapiranga também voltou a sofrer com a escassez de chuva. O sistema, que fornece água para 4,9 milhões de pessoas nas zonas sul e sudeste da capital paulista, opera com 38,5% de sua capacidade após baixar 0,4 ponto percentual em relação ao dia anterior.

O nível do reservatório Alto de Cotia, que fornece água para 400 mil pessoas, baixou 0,2 ponto percentual e opera nesta terça com 28,5% de sua capacidade.

O nível dos sistemas Rio Claro e Rio Grande caiu em relação ao dia anterior: 0,6 e 0,3 ponto percentual, respectivamente. O reservatório de Rio Claro, que atende a 1,5 milhão de pessoas, opera com 22,6% de sua capacidade. Já o manancial de Rio Grande, que atende a 1,2 milhão de pessoas, opera com 68,8% de sua capacidade.

A medição da Sabesp é feita diariamente e compreende um período de 24 horas: das 7h às 7h.


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