Folha de S. Paulo


Aimar Labaki (1934-2015) - Um esteta das lojas e vitrines paulistanas

Para muitos, ninguém montava uma vitrine como Aimar Labaki. Seu talento inato de desenhista marcou os cartazes e a elegante composição das peças apresentadas na Ducal Roupas, rede de roupas masculinas surgida no Rio nos anos 1950.

Mesmo após a ascensão na empresa o levar de vendedor a gerente-geral, gostava de vistoriar, no auge das compras de final de ano, a montagem das lojas paulistanas.

De boa prosa e calculadora na cabeça, Aimar herdara do pai, o imigrante libanês Simão Labaki, o talento para o comércio. Da mãe, a imigrante espanhola Antônia Camacho, que perdeu cedo, trazia o hábito da breve "siesta" após o almoço caseiro.

Nascido e crescido no interior paulista, mudou-se aos 18 para Cáceres (MT), onde cumpriu parte do serviço militar. Liberado da obrigação, encontrou trabalho nas Lojas Riachuelo em Cuiabá.

Conta-se que, antes mesmo de se falarem, a jovem Maria José teria sussurrado para a irmã numa visita à loja: "É com ele que vou me casar".

Os quatro filhos, Aimar, Amir, Ayr e Alessandra, nasceram nos anos 1960, quando o casal já vivia em São Paulo.

Movido a cigarro e café, passou aos pequenos o amor pela leitura —tinha sempre um livro debaixo do braço.

Permaneceu na Ducal até o fechamento do grupo, na década de 80, voltando então para Cuiabá, onde abriu sua própria loja masculina, a Tempore. Em 2003, uma delicada cirurgia de aneurisma cerebral o trouxe definitivamente à capital paulista.

Morreu na segunda-feira (5), de pneumonia, aos 80. Deixa Maria José, os filhos, três netos e dois irmãos.

A missa do sétimo dia será amanhã (12/1), às 19h, na Basílica Nossa Senhora do Carmo, na Bela Vista.

coluna.obituario@uol.com.br


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