Folha de S. Paulo


'Microexplosão' capaz de derrubar avião causou queda de árvores em SP

O fenômeno que derrubou 286 árvores em São Paulo é uma coluna de vento conhecida como "microexplosão", capaz de derrubar até aviões.

O fenômeno provocou o fechamento do parque Ibirapuera, que teve 25 quedas de árvores, e afetou a circulação de trens em duas linhas da CPTM.

A microexplosão se forma em nuvens verticais de até quatro quilômetros de altura (cúmulo-nimbo), em consequência do encontro de massas de ar quente e de ar frio.

Ao perder calor e umidade dentro de uma nuvem de tempestade, o ar se torna pesado e desce em forma de vento –que, ao bater no chão, se irradia para os lados.

À 0h14 desta segunda-feira (29), o vento chegou a 96 km/h no aeroporto de Congonhas, o que o qualifica como "tempestade", segundo a escala internacional de Beaufort.

"É como jogar um tonel com 200 litros de água no chão. Assim que a água bate no chão, se espalha", disse Adilson Nazário, meteorologista do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências) da Prefeitura de São Paulo.

As microexplosões não são tão comuns e costumam ser localizadas, diz Celso Oliveira, meteorologista da Somar. Desta vez, foram abrangentes, o que causou estragos em várias regiões de São Paulo.

Próximo a aeroportos, as microexplosões são potencialmente perigosas.

Entre 1964 e 1985, as microexplosões causaram cerca de 500 mortes e 200 feridos em 29 acidentes aéreos nos Estados Unidos, segundo a Nasa (agência especial americana), todos de aeronaves prestes a aterrissar. Isso porque o fenômeno "empurra" em direção ao chão as aeronaves.

Um sistema desenvolvido nos EUA, no entanto, ajudou a detectar e prevenir microexplosões, de modo que órgãos de controle de tráfego aéreo e pilotos de aviões sejam avisados com antecedência sobre o fenômeno. Esse sistema reduziu as mortes para 37 de 1986 a 2008.


Endereço da página:

Links no texto: