Folha de S. Paulo


Carioca foi presa por contradições sobre a morte de italiana, diz delegada

A turista carioca que acompanhava a italiana Gaia Molinari, assassinada na quinta-feira (25), teve a prisão preventiva decretada nesta segunda-feira (29) devido a "incontáveis contradições" em seus depoimentos, afirmou a Polícia Civil do Ceará.

Gaia foi encontrada morta, por estrangulamento, em uma área de preservação conhecida como Serrote, nos arredores da praia de Jericoacoara (CE).

Em entrevista à imprensa nesta tarde, a delegada encarregada do caso, Patricia Bezerra, da Delegacia de Proteção ao Turista (Deprotur), não forneceu detalhes dos depoimentos, para preservar a investigação, mas afirmou que horários e locais citados pela farmacêutica Mirian França de Melo, entre outros detalhes, não batem com informações de moradores da região.

Segundo a delegada, em depoimento prestado em Fortaleza a carioca não soube esclarecer contradições do primeiro interrogatório. A policial disse também que a suspeita tentou conduzir a investigação dando informações falsas sobre outra pessoa.

Reprodução/Facebook/gaiabarcellona
Italiana Gaia Molinari, 29, foi encontrada morta na região de Jericoacoara
Italiana Gaia Molinari, 29, foi encontrada morta na região de Jericoacoara

O pedido de prisão preventiva dela também teve como motivação o fato de Mirian ter passagem comprada para voltar ao Rio de Janeiro hoje.

De acordo com o comandante do policiamento do interior da região norte, coronel Julio Aquino, o envolvimento no crime de um suspeito detido na sexta-feira (26) após denuncias anônimas foi momentaneamente descartado. O rapaz já havia cometido delitos na região e estava sendo ameaçado pela população por causa da morte da italiana. Ele prestou depoimento e se dispôs a realizar os exames de corpo de delito necessários, ainda segundo a polícia.

A delegada Patricia Bezerra afirmou que a investigação "ainda está engatinhando", mas que a polícia trabalha com a hipótese de crime passional, com suspeita do envolvimento de pelo menos outra pessoa. Agora, as autoridades buscam descobrir se Gaia e Mirian já se conheciam do Rio de Janeiro e se a suspeita tem antecedentes criminais.

A polícia trabalha em conjunto com autoridades italianas e com o consulado da Itália, que mantêm contato com a família de Gaia.

A Deprotur aguarda um exame de DNA para verificar se a turista sofreu abuso sexual.

Segundo a polícia, Mirian não tem advogado constituído.

HERDEIRA

O corpo de Gaia foi localizado por um casal de turistas em área afastada e de difícil acesso na tarde de quinta (25). Ela estava de biquíni, canga e levava uma bolsa. Estava hospedada em um albergue de Fortaleza desde o dia 16 de dezembro e deveria ter retornado para lá no dia 24.

O corpo da italiana deve ser liberado nesta segunda-feira, e o enterro será realizado em Piacenza, cidade do norte da Itália onde ela nasceu.

À Folha parentes de Gaia informaram que não pretendem vir ao Brasil. A italiana viajava pelo país desde novembro, passou uma temporada em São Paulo, onde estudou português e colaborou com um projeto voluntário.

A morte foi destaque nos principais jornais da Itália. Herdeira de uma fábrica de calçados ortopédicos e formada em ciência da comunicação, Gaia morava em Paris havia dois anos.


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