Quem apostou no pessimismo, com os bordões "Imagina na Copa" e "Não vai ter Copa", perdeu: a infraestrutura deficiente não comprometeu a organização do Mundial no Brasil, turistas se mostraram satisfeitos e não houve protestos que ameaçassem inviabilizar os jogos.
Mas a exaltação da presidente Dilma Rousseff (PT) segundo a qual "fizemos a Copa das Copas" é de um otimismo exagerado quando se pensa no legado deixado pelo evento. De 167 iniciativas prometidas pelo governo, 88 foram entregues a tempo, 45 ficaram incompletas, 23 acabaram deixadas para depois e 11, abandonadas.
O paulistano que esperava ter mais metrô devido à Copa, por exemplo, deve ter ficado frustrado: a cidade não ganhou nenhuma linha nem estação nova devido ao evento.
Pode-se argumentar que aquilo que foi entregue compensou. Por exemplo, BRTs (corredores de ônibus modernos) em Belo Horizonte e no Rio, uma repaginação viária da zona leste de São Paulo e um novo terminal no aeroporto de Guarulhos. A maior eficiência, porém, foi para tirar obras de estádios do papel, muitos com utilidade futura duvidosa.
Também é possível dizer que os contribuintes pagaram mais caro para atender ao prazo do evento. Ao longo do Mundial, já havia previsão de gastos ao menos R$ 3,5 bilhões superiores aos R$ 26 bilhões estimados pelo governo.
O temor de caos aéreo ficou pelo espaço. O acesso aos estádios foi relativamente tranquilo. A rede hoteleira foi, em geral, suficiente, mas, assim como as companhias aéreas, duramente criticada pela política de preços exorbitantes.
A Copa foi aprovada por 83% dos estrangeiros que passaram por aqui, como mostrou pesquisa Datafolha. O custo de vida foi a principal parte negativa –classificado como ruim ou péssimo por 29%.
O Brasil, no final das contas, deu conta do recado durante um mês. O que se questiona é a oportunidade perdida para impulsionar a infraestrutura necessária para os 365 dias do ano. E ainda falta saber se a herança que ficou pendente na Copa, em 2014, estará pronta até os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.