Folha de S. Paulo


Projeto chama refugiados para passar as festas de Natal com brasileiros

Quando chegou ao Brasil, no Natal de 2013, o engenheiro mecânico sírio Talal Al-tinawi, 41, viveu sua primeira experiência em uma festa religiosa fora do islamismo.

Não foi das melhores: em São Paulo, ele não conhecia nada nem ninguém. Acabou a noite andando com a família pela avenida Paulista.

Neste ano, Al-tinawi, sua mulher Ghazal Baranbo, 31, grávida de sete meses, e os filhos Riad, 13, e Yara, 10, terão uma experiência diferente.

A família síria recebeu um convite do estudante de administração Rodrigo García, 28, para passar a noite de Natal juntos. Duas famílias congolesas também participarão.

Lalo de Almeida/Folhapress
Famílias do sírio Al-tinawi (em pé, à esq.) e do brasileiro Rodrigo García (de camisa xadrez)
Famílias do sírio Al-tinawi (em pé, à esq.) e do brasileiro Rodrigo García (de camisa xadrez)

"Esse contato é importante para conhecer as festas, a cultura e a língua do país", diz Al-tinawi, falando em um português com sotaque.

O convite de García não veio por acaso. Ele é bisneto de espanhóis refugiados da Primeira Guerra Mundial. A família tem a tradição de receber imigrantes em casa.

Neste ano, a ceia foi adaptada a alguns costumes islâmicos –as três famílias refugiadas são muçulmanas, religião que não permite o consumo de carne de porco nem de bebida alcoólica.

A integração é organizada pelo segundo ano pela ONG Adus - Instituto de Reintegração do Refugiado.

Em 2014, os sírios se tornaram o maior grupo entre os refugiados no Brasil: 21% do total de 7.289 refugiados.

A iraniana Mahboube, 39, e o filho estão há dois anos no Brasil e essa será a segunda vez que estão no projeto.

O marido dela, afegão, atua no programa Mais Médicos em Recife. "O refugiado aqui não tem família, não tem amigos e, com o projeto, as crianças não se sentem sozinhas no Natal", diz ela.

Quem quiser convidar refugiados para o Réveillon deve escrever para o e-mail marcelo.haydu@adus.org.br.


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