A Santa Casa de São Paulo informou neste domingo (21) que, conforme a Folha antecipou, o provedor Kalil Rocha Abdalla decidiu se licenciar do cargo. O afastamento será por 90 dias.
O comunicado afirma que a decisão visa a "garantir ainda mais transparência e lisura da sindicância instaurada a seu pedido".
A sindicância tem o objetivo de averiguar eventuais responsabilidades dos temas apontados em auditorias independentes contratadas pelo governo paulista.
No domingo, a Folha informou que, durante reunião no dia anterior, Kalil disse à cúpula da instituição que concordava com o afastamento solicitado por funcionários.
Na sexta (19), em assembleia de 120 pessoas, profissionais redigiram documento em que pediam sua renúncia para que houvesse transparência nas investigações.
O documento, com 1.300 assinaturas após mobilização de uma hora, foi entregue no gabinete do provedor
Maior instituição filantrópica do país, com 7.000 funcionários, a Santa Casa passa por sua maior crise. Na quinta-feira (18), exames, consultas e cirurgias agendadas foram suspensos. Só casos graves serão atendidos.
As auditorias mostraram que a dívida da instituição é avaliada em R$ 773 milhões -e não os pouco mais de R$ 400 milhões informados inicialmente. Apontaram ainda que imóveis da instituição, cuja administração é responsabilidade direta do provedor, são alugados por valores 81% menores que os de mercado.
A Folha tem tentado entrevistar Kalil desde a sexta-feira. Neste domingo, ele não foi localizado.
PROTESTO
O movimento de funcionários, que é liderado por médicos, disse neste domingo que é contra a licença do provedor. Eles querem sua renúncia. Para o grupo, a continuidade no cargo é insustentável e a licença é vista como manobra.
O grupo escreveu neste domingo (21) uma petição pública online, pedindo apoio da sociedade para a renúncia. Às 22h, o documento contava com 1.769 assinaturas. Os funcionários pretendem fazer um ato nesta segunda para que Kalil renuncie.