Folha de S. Paulo


Sebastião Moscardi (1922-2014) - Foi radiotelegrafista de aeronaves

Desde novo, Sebastião Moscardi queria trabalhar com comunicação. Para realizar seu sonho, aos 15 anos de idade praticamente fugiu do sítio em que vivia com a família, na paulista Leme.

O pai, um italiano bravo, não gostava das "ideias modernas" do filho e queria que ele continuasse no campo.

Sebastião conseguiu emprego na Estrada de Ferro Sorocabana e, anos depois, em 1950, tirou a licença para ser radiotelegrafista. A carta era expedida pelo hoje extinto Ministério da Aeronáutica.

Foi quando trocou o trem pelo avião. Primeiro pela companhia aérea Real e, depois, pela Vasp, trabalhou como radiotelegrafista dentro das aeronaves, viajando pelo país, principalmente no Nordeste.

Quase no final da década de 50, após o nascimento da terceira e última filha, e de alguns acidentes aéreos que aconteceram em outras rotas, decidiu voltar para o chão.

Morou em Botucatu, onde tinha uma estação de comunicação dentro casa —e podia fiscalizar de perto o dia a dia das três garotas—, e em Bauru, sempre a serviço da Vasp.

Há quase 40 anos, quando a radiotelegrafia deu lugar ao telex, Sebastião se aposentou. Desde então, as mensagens em código Morse passaram a fazer parte das histórias que gostava de contar para os amigos e descendentes. Sempre teve muito orgulho de sua profissão.

Estava com alzheimer. Morreu no sábado (6), aos 92. Havia dez anos era viúvo de dona Zezé, que esteve ao seu lado desde que ele deixou o sítio. Além das filhas, Márcia, Marisa e Maura, teve sete netos e quatro bisnetos.

coluna.obituario@uol.com.br


Endereço da página:

Links no texto: