Folha de S. Paulo


Com seca parecida à de SP, Califórnia adota multas e situação de emergência

Justin Sullivan/Getty Images/AFP
Represa afetada por estiagem em San José, na Califórnia; Estado americano adota situação de emergência
Represa afetada por estiagem em San José, na Califórnia

Estado de emergência, planos de contingência e multas de US$ 500 ao dia para quem desrespeitar as regras e gastar água em excesso de maneira nada nobre.

Na Califórnia, desde o início do ano, as autoridades estão tratando de forma diferente a severa crise hídrica em curso na região.

Em 110 anos de registro, 2014 é o terceiro ano mais seco da série histórica californiana. A situação é considerada bastante crítica, mesmo com os grandes reservatórios do Estado estarem, em média, com entre 20% e 30% da capacidade. Em resumo, o caso lá é grave como o de São Paulo, que preferiu adotar outras estratégias de combate.

Basicamente: bônus na conta para quem economizar no consumo, redução da pressão da água distribuída à noite e campanha de conscientização –o governo paulista cogitou criar uma sobretaxa de 30% a quem aumentasse o consumo, mas desistiu.

"A questão da gestão, do monitoramento e da preocupação com a conservação da água está mais presente na Califórnia", diz o biólogo Samuel Barreto, coordenador do Movimento Água para São Paulo, liderado pela ONG ambientalista TNC.

Uma das diferenças entre São Paulo e Califórnia apontada pelo especialista, que há mais de 20 anos estuda o tema dos recursos hídricos, está na questão da gestão. "Aqui optou-se pela não aplicação da multa, ao contrário do que ocorreu lá."

O governo da Califórnia decretou estado de emergência em 17 de janeiro e reafirmou a gravidade da situação, republicando o ato em abril. No final de julho vieram as sanções.

A multa de US$ 500 ao dia –R$ 1.279,50 na cotação comercial desta segunda (1)– vai para quem, por exemplo, lavar a calçada com água potável, como é a da Sabesp em São Paulo, ou alimentar fontes decorativas, como ocorre em alguns shoppings paulistanos.

Todos os responsáveis pelo abastecimento de água dentro da Califórnia precisaram fazer um plano de contingência para a continuação da crise em 2015.

No caso do Estado de São Paulo, em depoimento na CPI na Câmara Municipal, dirigentes da Sabesp disseram que seria publicado um plano de contingência em breve. Até o momento, isso não ocorreu.

A Grande São Paulo tem uma população de quase 20 milhões de pessoas. Deste total, hoje, por volta de 30% dependem das represas quase vazias do sistema Cantareira, o principal fornecedor e o mais atingido pela estiagem.

Em todo o Estado da Califórnia vivem 38 milhões de pessoas. A crise da água por lá está afetando principalmente os setores agrícola e industrial.

Os americanos precisam até de grandes estoques de água gelada, por exemplo, para despejar em alguns de seus rios, onde a criação de salmão é bastante frequente.


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