Folha de S. Paulo


Córrego fica coberto de peixes mortos no interior de SP

Um afluente do rio Tietê em Salto (a 101 km de São Paulo) apareceu coberto de peixes mortos neste sábado (29).

O local mais crítico está a cerca de oito quilômetros abaixo da cascata que é ponto turístico da cidade e cuja água ficou tingida de preto na última quinta-feira (27).

O torneiro mecânico Paulo Conti, que mora em um bairro próximo ao córrego e frequenta o rio desde criança, afirma que foi um choque ver o rio nesta manhã depois que amigos ligaram para avisá-lo do ocorrido. "Me senti triste, bem triste", disse.

Conti, que costuma navegar de barco na região, disse que era possível ver os peixes "agonizando" nas águas desde que o problema começou, na quarta-feira (26). "Todos os moradores estão indignados por ver o cartão-postal da cidade passando por isso", disse, em referência à cascata.

A maioria dos peixes mortos são das espécies curimba e mandi. Segundo Conti, o montante é muito grande e será necessário um trabalho pesado para retirar todos os peixes.

"Urubus já estão rodeando a região, se instalando em cima de construções, árvores e casas", disse.

Segundo ele, no passado já houve grande mortandade de peixes no córrego, mas nunca nessa proporção. Mesmo assim, diz ele, a cidade ficou "infestada" pelo mau cheiro.

Hoje, o odor da decomposição dos peixes já é sentido por moradores vizinhos ao córrego, afirma Conti. Ele acredita que o cheiro possa se espalhar ainda mais nos próximos dias.

A Folha tentou contato com a Prefeitura de Salto e com a Secretaria do Meio Ambiente para saber quais providências serão tomadas e o tempo previsto para limpeza do rio, mas nenhum telefone atendeu neste sábado.

Em entrevista ao UOL na quinta-feira (27) sobre a mudança da cor da água, o secretário João do Conti Neto disse que o fenômeno é frequente, especialmente quando o rio está com baixa vazão e chove muito.

"A sujeira que está no fundo do rio, concentrada, é remexida pela força das águas e aí fica essa mancha preta", afirmou.

Na ocasião, a Cetesb informou que apura as causas da morte dos peixes e da coloração da água. De acordo com a instituição, a grande presença de detritos e de esgoto, materiais que foram revolvidos pelo aumento do nível do rio, em decorrência da chuva, deve ser a principal causa dos dois fenômenos.

Na sexta-feira (28), o secretário postou em seu perfil pessoal no Facebook a seguinte mensagem: "Secretaria do Meio Ambiente tentará salvar os peixes do córrego do Ajudante. Estamos planejando uma operação amanhã pela manhã, para retornar os peixes para o Tietê".

Em resposta aos usuários que sugeriram transferir os peixes para outros locais, o secretário disse que eles "estavam todos contaminados por metais pesados e levá-los para outros locais onde os mesmos podem ser pescados e servirem de alimento é muito perigoso".


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