Folha de S. Paulo


Pessoas com deficiência fazem 4.500 queixas à polícia pela internet

Em três meses vigorando a possibilidade de, ao registrar boletim de ocorrência eletrônico no Estado, a vítima declarar algum tipo de deficiência -iniciativa inédita no Brasil-, 4.502 pessoas desse universo registraram terem sido alvo de alguma violência.

O número representa apenas 1% da média total de boletins no período -de junho a agosto deste ano.

editoria de Arte/editoria de Arte/Folhapress

Mas, comparado ao único modo de denúncia para esse tipo de ocorrência, o Disque 100, do governo federal, ele é "alarmante", de acordo com representantes da Secretaria Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, responsável pelo levantamento.

Segundo o órgão, em três anos o atendimento telefônico contabilizou cerca de 8.000 casos.

As ocorrências virtuais tiveram maior frequência de registro por parte de pessoas com deficiência física (46,53%), seguidas das pessoas com deficiência intelectual (19,55%) e deficiência visual (15,08%).

Homens solteiros, com mais de 40 anos e primeiro grau completo formaram o perfil geral das vítimas.

De acordo com os pesquisadores, os números não representam o universo total dos casos, uma vez que parte das vítimas teria dificuldades de reportar a violência.

TIPIFICAÇÃO

Pessoas com deficiência auditiva e pessoas com deficiência visual registram mais ocorrências em relação a crimes contra o patrimônio (furto ou roubo, por exemplo).

Já os que possuem deficiência física relataram mais casos de crimes contra a pessoa (lesão corporal, homicídio entre outros).

Um ponto que chamou a atenção dos pesquisadores foram os registros de crimes contra a dignidade sexual, com o estupro.

Do total de boletins, eles somaram 2% (na média geral da população é de 1%). É o quarto tipo de crime mais relatado por pessoas com deficiência intelectual.

"Com base nos dados, saímos do campo das hipóteses e passamos mostrar que o problema da violência contra a pessoa com deficiência existe de fato. Assim, é mais efetivo traçar políticas públicas e prepara-se melhor
a sociedade para enfrentar a questão", diz Luiz Carlos Lopes, um dos coordenadores do estudo.

O endereço da delegacia eletrônica é www.ssp.sp.gov.br/nbo.


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