Folha de S. Paulo


Nível do sistema Cantareira cai 0,2 ponto percentual, aponta Sabesp

O nível de armazenamento de água do sistema Cantareira voltou a cair. O complexo de represas que abastece 6,5 milhões de pessoas registra 10,6% de sua capacidade neste sábado (15), segundo informações da Sabesp. Esse total já inclui a segunda cota do volume morto.

A queda chegou a cessar na sexta (14), quando o sistema apontava 10,8% de seu total, graças à forte chuva que atingiu a cidade de São Paulo no final da tarde de quinta (13).

De acordo com os dados computados pela companhia de saneamento, de ontem para hoje a região teve 0,2 mm de chuva. Até agora, o acumulado do mês é de 90,2 mm –a média histórica para novembro, segundo a empresa, é de 161,2 mm.

As outras represas que abastecem a capital paulista também ficaram mais secas neste sábado. O sistema Alto Tietê, que atende 4,5 milhões de pessoas, opera com 7,4% de seu volume (queda de 0,1 ponto percentual em relação ao dia anterior).

O reservatório Rio Grande, que alcança 1,2 milhão de habitantes, tem 65,7% de seu total preenchido (contra 65,9% da sexta).

O Guarapiranga, que ontem tinha 35,1% de sua capacidade cheia, hoje está com 34,8%.

ÁGUA MAIS CARA

Pouco mais de um mês após a reeleição de Geraldo Alckmin (PSDB), o governo de SP anunciou o aumento da conta de água dos consumidores a partir de dezembro.

O reajuste ocorrerá em meio a mais grave estiagem já registrada no Estado e sete meses após a gestão tucana ter recebido autorização para a aplicação desse aumento.

Confrontado por um protesto contra a construção de prédios em nascentes na represa Bilings (zona sul) –manifestantes se reuniram no ato de inauguração da estação Fradique Coutinho, da linha-4 amarela, onde Alckmin esteve presente na manhã deste sábado–, o governador afirmou que não houve motivação política na aplicação do reajuste.

"Não tem nada a ver com eleição", disse o tucano. "Quando foi o último aumento da Sabesp? Foi em dezembro de 2013. Você não vai fazer aumento de seis em seis meses", completou.

Ao receber aval da Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia), em abril passado, o governo Alckmin abdicou desse direito e anunciou que o aumento da conta de água ocorreria em um momento oportuno até o mês de dezembro. Agora, o reajuste deve ser superior aos 5,4% autorizados sete meses atrás.

USO DO 2° VOLUME MORTO

A ANA (Agência Nacional de Águas) autorizou nesta quinta (13) o governo de São Paulo a utilizar o segundo volume morto do sistema Cantareira. Em ofício ao DAEE (Departamento de Água e Energia Elétrica) de São Paulo, a agência federal afirma que "para evitar a descontinuidade do fornecimento de água" nas regiões metropolitanas de São Paulo e de Campinas, a Sabesp poderá usar a água que ainda resta nos reservatórios do sistema.

O presidente da ANA, Vicente Andreu, afirmou que só um dilúvio poderá levar o sistema Cantareira à normalidade em 2015. "Qual a solução para essa situação [falta de água]? Chuva. E muita, porque acabei de demonstrar para vocês que, para chegar ao nível do início de 2014 com o que tem, nós precisamos de um dilúvio. Dilúvio", disse, em audiência na Câmara dos Deputados.

Andreu defendeu que seja apresentada à população a perspectiva de que é preciso um racionamento imediato para garantir abastecimento regular no próximo ano. Ele afirmou ainda que o volume de chuvas em 2014 na região do Cantareira foi em média 50% abaixo do pior ano de uma série histórica de 84 anos, o que levou à crise hídrica atual.

O governo paulista reagiu às declarações de Andreu. "Mais uma vez, o presidente da ANA prefere disseminar o pânico na população a abordar, com a seriedade técnica que seu cargo exige, a pior seca da história, afirma nota do subsecretário de Comunicação, Marcio Aith.


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