Folha de S. Paulo


'Vaquinha' arrecada mais de R$ 11 mil para ajudar agente a pagar multa a juiz

A indenização que uma agente de trânsito do Rio de Janeiro foi condenada a pagar por falar que um juiz não era Deus em uma blitz da Lei Seca no Rio será custeada por uma "vaquinha".

Organizada pelas redes sociais, o rateio já arrecadou mais que o dobro da quantia necessária ao qual Luciana Silva Tamburini foi condenada.

Em 24 horas, a financiamento coletivo arrecadou R$ 11.441,13. Esse valor ainda pode dobrar, pois ainda há casos de doações pendentes.

A agente de trânsito precisará pagar R$ 5.000 como indenização por danos morais ao juíz João Carlos de Souza Correa. O caso aconteceu em 2011.

Reprodução
Financiamento coletivo feito para arrecadar recursos para pagar a indenização da agente Luciana Silva Tamburini
Financiamento coletivo feito para arrecadar recursos para pagar a indenização da agente Luciana Silva Tamburini

Na ocasião, Luciana verificou que o juiz não estava com sua carteira de habilitação e o veículo, sem placas e sem documentos. Assim, o carro do magistrado foi rebocado.

Ele se identificou como juiz e Tamburini interpretou o gesto como uma tentativa de "carteirada", como se diz quando uma autoridade quer usar de sua influência para deixar de cumprir algo que é exigido dos demais.

Em resposta, a agente disse que ele era "juiz, mas não Deus" e ele deu voz de prisão a ela. Tamburini se negou a ir à delegacia em veículo da Polícia Militar.

No julgamento do recurso, foi mantida a pena porque houve o entendimento de que ela abusou do poder e ofendeu o réu e "a função que ele representa para a sociedade".

"Achei um horror. E fiquei ainda mais incrédula quando li o acórdão [a decisão do tribunal]", disse a advogada Flavia Penido, 45, idealizadora da "vaquinha".

Segundo ela, a entrega do dinheiro deverá ser feita em um evento público. O rateio online vai até 22 de dezembro.

"Eu vejo essa ação não só como uma forma de dar apoio financeiro, mas também para dar apoio à atitude da Luciana. Lutar contra esse tipo de atitude não é fácil, ter recebido a decisão do TJ deve ter sido muito difícil. Estamos pensando em lançar uma campanha "não à carteirada", mas isso ainda está bastante incipiente", afirmou a advogada.

A Folha não conseguiu até o momento o contato com Luciana Tamburini.


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