Folha de S. Paulo


Servidor suspeito de cobrar propina comprou 19 imóveis em cinco anos

Investigado pela prefeitura, um servidor suspeito de cobrar propinas durante a CPI dos Alvarás na Câmara Municipal de São Paulo acumulou ao menos 19 imóveis nos últimos cinco anos.

Na lista de bens do engenheiro Roberto de Faria Torres, constam apartamentos de alto padrão, vagas em edifícios garagem e boxes em prédios comerciais.

Gravação exibida no "Fantástico", da TV Globo, mostra ele e o assessor parlamentar Antonio Pedace pedindo R$ 15 mil ao dono de um bar.

O dinheiro, segundo a reportagem, seria usado para retirar o estabelecimento da lista de fiscalizados da CPI.

Editoria de arte/Folhapress

Torres é funcionário da prefeitura emprestado para a Câmara. Pedace é assessor do presidente da CPI, vereador Eduardo Tuma (PSDB).

Na lista de imóveis do servidor investigado, obtida pela Folha, consta, por exemplo, um apartamento de um condomínio na Vila Mariana, zona sul, em que uma unidade custa mais de R$ 1 milhão.

Torres recebe R$ 4.000 por mês na Secretaria Municipal de Licenciamentos. Para comprar um apartamento como esse, teria de juntar todo o salário por mais 20 anos.

Desde 2005, ele adquiriu ao menos quatro apartamentos, uma casa, duas vagas em edifícios-garagem e dez boxes em um edifício comercial, na região central.

O servidor já era investigado pela Controladoria Geral do Município, que mapeou servidores com patrimônio suspeito. Agora, o órgão vai apurar a suposta extorsão ao comerciante.

De acordo com o vídeo exibido pelo "Fantástico", Torres e Pedace indicam outro engenheiro, Marcos Peçanha, que pede R$ 13 mil ao comerciante para "dar baixa" no processo, com um parecer que retiraria o estabelecimento da lista da CPI.

Em outra gravação, Peçanha diz ao dono do bar que falará diretamente com o presidente da CPI, Eduardo Tuma. Ele diz que daria um "presente" ao vereador.

INVESTIGAÇÃO

O promotor Roberto Bodini, que abriu investigação nesta segunda (27), afirma que mais pessoas dizem ter sido extorquidas.

O PSDB diz que Tuma terá de se explicar em uma reunião nesta terça (28). O vereador afirma que exonerou Pedace e cobrou explicações dele, além de acionar criminalmente Marcos Peçanha.

O advogado de Pedace, David Figueiredo, nega que seu cliente tenha cometido irregularidades. Ele afirma ser sócio, em um escritório de advocacia, do ex-deputado federal Robson Tuma, primo do vereador Eduardo Tuma.

A Folha não localizou Torres e Peçanha.


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