Folha de S. Paulo


Gestão Alckmin diz que Sabesp tem de esclarecer fala de presidente

Após a divulgação de um áudio em que a presidente da Sabesp, Dilma Pena, afirma que uma "orientação superior" barrou a ampliação dos alertas sobre a crise da água, a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que a Sabesp tem de esclarecer as circunstâncias e o sentido das frases que foram vazadas.

"O governo de São Paulo nunca vetou qualquer alerta sobre a crise hídrica. Ao contrário, o próprio governador concedeu mais de uma centena de entrevistas coletivas, desde fevereiro, para salientar a gravidade da maior seca já registrada na história", afirma nota do governo.

O comunicado afirma ainda que o governador tem pedido a colaboração da população no uso racional da água e repetido à exaustão sobre a falta de chuvas.

Ouça

Voz da presidente da Sabesp, Dilma Pena

O áudio da reunião foi obtido pela Folha.

Na gravação, Dilma Pena afirmou que o assunto tinha de estar "reiteradamente na mídia". "Mas nós temos de seguir orientação, nós temos superiores, e a orientação não tem sido essa. Mas é um erro", afirmou Pena a dirigentes da estatal.

A nota do governo afirma também que as gravações não mencionam a palavra alerta e o governo do Estado de São Paulo. O governo é acionista majoritário da Sabesp e tem o poder de indicar a maior parte dos integrantes do conselho de administração da companhia.

A nota do governo também afirma que as frases de Dilma e do diretor metropolitano da empresa, Paulo Massato, foram "vazadas seletivamente a dois dias das eleições". Um pronunciamento da presidente da Sabesp e do diretor metropolitano é aguardado.

Na mesma reunião, o diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato, diz que a situação é uma "agonia" e diz que "não sabe o que fazer" se os volumes de chuva neste ano repetirem o cenário de 2013.

Ouça

Voz do diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato

"Se repetir o que aconteceu esse ano, do final de 2013 de outubro pra cá, se voltar a repetir em 2014, confesso que eu não sei o que fazer. Essa é uma agonia, uma preocupação."

Depois, ele relata uma "brincadeira" que um colega fez, mas ressalta que é uma "brincadeira séria": "Ele falou: 'Saio de São Paulo, porque aqui não tem água, não vai ter água pra tomar banho, limpeza da casa'."

"Quem puder compra garrafa de água mineral, quem não puder vai tomar banho na casa da mãe, em Santos, Ubatuba, Águas de São Pedro. Aqui não vai ter."


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