Folha de S. Paulo


Mês de outubro no sistema Cantareira deve ser o mais seco em 12 anos

Outubro deve terminar com menos da metade das chuvas previstas para a região do sistema Cantareira, que abastece a Grande São Paulo e enfrenta a maior crise de sua história.

Segundo dados da Sabesp, a média histórica de chuvas para o mês nas represas do sistema é de 130,8 mm. Até esta quinta-feira (23), o reservatório havia recebido apenas 25 mm, ou 19% do esperado.

A previsão de chuvas para a região até o final do mês é de cerca de 35 mm. Caso se concretize, outubro totalizaria 60 mm, menos da metade (46%) da média para o mês.

Seria o pior índice de chuvas durante um mês de outubro desde 2003, último dado disponibilizado pela Sabesp.

Editoria de Arte/Folhapress

A previsão de chuva foi feita pela Somar Meteorologia e já inclui um gradual aumento de nebulosidade no próximo final de semana.

"Neste sábado, nós teremos um dia nublado com possibilidades de chuva a qualquer momento, esse tipo de configuração é o melhor para o abastecimento dos mananciais", diz o meteorologista Celso Oliveira.

Dias nublados possuem temperaturas mais amenas e baixa insolação, o que, em tese, resulta em menor consumo de água e baixa taxa de evaporação nas represas.

O volume de chuvas tem sido insuficiente para conter a queda do nível dos reservatórios, mas, para o especialista, essa tendência pode ser revertida em novembro.

"Esse modelo já deverá preparar a atmosfera para chuvas mais volumosas já na primeira semana de novembro", afirma.

A escassez de chuva neste mês se deve à ocorrência seguida de massas de ar quente, que impediram a chegada de frentes frias vindas do Sul.

Nesta quinta, o Cantareira operava com 3% de sua capacidade. Devido à estiagem, o ritmo com que esse índice vem caindo se acelerou.

Desde agosto, o Cantareira vinha perdendo 0,14 ponto percentual de sua capacidade por dia. Em outubro, a taxa pulou para 0,17 ponto.

Neste ritmo, a primeira etapa do volume morto (reserva abaixo do ponto de captação) do Cantareira terminaria no dia 10 de novembro.

Há um mês, o secretário de Recursos Hídricos de São Paulo, Mauro Arce, estimou que a reserva acabaria no dia 21 de novembro.

Com o atual ritmo de consumo e chuvas, a segunda cota do volume morto terminaria no dia 13 de janeiro.

A Sabesp alega, no entanto, não ter previsão para utilizar essa nova cota, esperando pelas chuvas de verão.


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