Em debate na Assembleia, realizado pela bancada do PT a cinco dias das eleições, o presidente da ANA (Agência Nacional de Águas), Vicente Andreu, fez duras críticas à gestão da crise hídrica pelo governo Alckmin (PSDB).
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Aliados do governador reagiram duramente ao evento e às declarações de Andreu, que foi chamado até de "vagabundo" pelo deputado federal José Aníbal (PSDB-SP), numa rede social.
A crise de água em São Paulo foi levada para as eleições presidenciais pela candidata Dilma Rousseff (PT).
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No domingo (19), ela classificou a situação como "preocupante" e disse que "alertas foram feitos nos últimos dez anos, mas os governos tucanos de São Paulo não tomaram as providências".
Em resposta, Aécio Neves, candidato do PSDB, disse na segunda que a União não contribuiu para resolver a questão.
Na Assembleia, Andreu disse que constitui uma "pré-tragédia" o fato de o governo paulista ter decidido recorrer à segunda cota do volume morto do sistema Cantareira.
O "volume morto" é a água armazenada abaixo do nível de captação de represas.
A gestão Alckmin quer usar essa reserva para manter o abastecimento em 2015 sem ter de decretar racionamento na Grande São Paulo.
Segundo o presidente da ANA, o governo deveria ter reduzido meses atrás a quantidade de água que retira do Cantareira, mas não o fez.
Também, em sua opinião, deveria ter informado adequadamente a população sobre a gravidade da crise.
CHEQUE ESPECIAL
Agora, sem tempo para grandes obras, diz, depende do volume morto para manter o abastecimento em 2015.
"É como se cidadão fosse para o cheque especial e não avisasse a família que está com problema. Sem alternativa, ele quebra o cofrinho da filha, mas mantém a mesma condição financeira."
Andreu afirma ter informado pessoalmente o secretário estadual Mauro Arce (Recursos Hídricos) da necessidade de medidas mais "restritivas", sem ter obtido apoio. Não tratou especificamente de racionamento, pois diz que "essa é uma questão da Sabesp".
Se a segunda cota terminar, restará à empresa retirar água do "lodo", afirma ele.
Foi uma referência a uma terceira e última reserva –que fica nas áreas mais profundas das represas.
Em uma rede social, José Aníbal chamou Andreu de vagabundo, pois, segundo ele, "deveria estar trabalhando em Brasília". "Lodo é para onde vai o Andreu", disse.
O secretário da Casa Civil de São Paulo, Saulo de Castro, considerou "lamentável" que o dirigente do órgão federal tente "disseminar pânico em São Paulo". "E pior: em horário de trabalho, participando de um evento patrocinado por um partido em plena campanha eleitoral."
O PSDB anunciou que entrou com representação no Conselho de Ética da Assembleia contra o líder do PT, João Rillo, por uso de espaço público para campanha.
A liderança do PT diz que o debate foi marcado na semana passada e afirma discutir a crise desde fevereiro.
O presidente da ANA, que é filiado ao PT, não se pronunciou sobre os ataques.