Folha de S. Paulo


Moradores sem água em casa apelam a academia para tomar banho em SP

Chuveiros de academias têm salvado moradores da capital paulista que sofrem com a falta de água em casa.

O volume de água utilizado em alguns desses estabelecimentos cresceu 30%, segundo relatos feitos à reportagem nos últimos dias.

Na semana passada, a rede Academia Gaviões, por exemplo, chegou a instalar aparelhos que reduzem a saída de água nos chuveiros nas suas dez unidades na capital e em Guarulhos (Grande SP).

Antes, a administração já havia colocado cartazes pedindo aos alunos que levassem as próprias garrafinhas cheias. E avisou: "O caos existe e é preocupante".

Eduardo Knapp/Folhapress
O ator Lorenzo Martin resolveu tomar banho na academia
O ator Lorenzo Martin resolveu tomar banho na academia

"Tem gente que liga antes para saber se tem água para tomar banho", conta Eliane Buava, gerente da unidade da Gaviões na Bela Vista (centro).

O ator Lorenzo Martin, 35, ficou sem água no Jardim Paulista, zona oeste, em três dias na semana passada. "Vim treinar e aproveitar para tomar banho na academia duas vezes, mas, em uma, aqui também estava sem água."

Em um dos dias, Lorenzo foi tomar banho na casa da mãe, em São Caetano do Sul (a 14 km da capital).

A gerente de marketing da rede Runner, Nara Moura Silveira de Oliveira, disse que, "no aperto", o banho na academia é inevitável. "Eu mesma já tomei", diz.

Ela afirma que as unidades da Runner estão pedindo caminhões-pipa para complementar o abastecimento.

Na Vila Jacuí, zona leste, a solução da Academia Dandy foi uma segunda caixa d'água. "Agora vamos reformar as outras quatro unidades e colocar temporizador", diz a gerente Luciana Gravasseca.

Há um mês, o Sesc Belenzinho, na zona leste, retirou quatro das seis duchas na beira da piscina, diminuiu a pressão nas torneiras e o tempo de água nas duchas.

Editoria de Arte/Folhapress

SUANDO FRIO

Para Antônio Ricardo Baptista, 45, a melhor opção é "suar menos" durante a malhação para não precisar tomar banho. "Retenho bastante água e, quando começo a gotejar, paro o exercício", diz o bancário, que malha na Gaviões do centro e teme que a seca chegue onde mora, no Butantã, região oeste.

"Vou começar a estocar galões de água", afirmou.

A solução para Lilian Lopes, 28, por três vezes, foi tomar banho no centro esportivo onde trabalha, em Pinheiros. Ela enfrentou um período sem água em Itaquera (zona leste), onde mora.

"Meu marido trabalha perto de casa e toma banho na hora do almoço, quando tem água", disse. "Mas, quando eu chego, a água já acabou e, quando saio, não voltou."

OUTRO LADO

Questionada, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado) disse que o abastecimento em Itaquera esteve normal na semana passada e que, no Jardim Paulista, a falta de água foi ocasionada por obras emergenciais.

A companhia disse ainda que o problema no centro de São Paulo seria verificado.


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