Folha de S. Paulo


Mais barata, droga usada por jovem morto na USP é vendida como LSD

Mais barato de produzir e vendido como se fosse LSD, o NBOMe começou a ser consumido no exterior em 2010 e chegou ao Brasil entre o fim de 2011 e o início de 2012. Surgiu em 2003, na Alemanha.

Um laudo confirmou que o estudante Victor Hugo Santos, 20, que teve o corpo encontrado na raia olímpica da USP no mês passado, morreu afogado após ter consumido a droga.

É uma droga da qual se sabe pouco e sobre a qual não há estudos acadêmicos no país, afirma Fernando Beserra, professor de psicologia do Instituto Superior de Educação do Rio e membro do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos, que tem pesquisado o assunto.

Tal como o LSD, a substância causa alterações de percepção, como "cores mais vívidas", de acordo com Beserra.

"É vendido como se fosse o 'doce' [LSD], em 'blotters' [pequenos papéis para serem colocados na língua]. Os usuários relatam uma fragmentação psicológica maior e também um incômodo no corpo, o que não é típico do LSD", diz.

Para o usuário, a diferença mais perceptível entre o LSD e NBOMe é que o segundo é bem amargo.

Por ser mais forte que o LSD, o NBOMe traz riscos psicológicos maiores, principalmente se o indivíduo tiver propensão a desenvolver problemas psiquiátricos, afirma Beserra.

Em fevereiro, a Anvisa (agência sanitária) colocou 11 variações do NBOMe (como 25I-NBOMe e 25B-NBOMe) na lista de substâncias proibidas. Nos EUA, a droga é chamada de "NBomb".

No exterior, a unidade é produzida por US$ 2. Para o usuário final no Brasil, fica entre R$ 30 e R$ 40.

Editoria de Arte/Folhapress

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