A Sabesp, responsável pelo abastecimento de água em São Paulo, disse que o forte calor aumentou o consumo, prejudicando o abastecimento em alguns bairros da cidade. Afirma, porém, que isso se restringe a "alguns pontos altos e distantes" do município –ao contrário do que constatou a reportagem.
A empresa sustenta ainda que, além do calor, as interrupções foram provocadas por manobras operacionais para trocar os sistemas de abastecimento dos bairros.
Esses procedimentos são feitos desde o início do ano para que áreas abastecidas originalmente pelo sistema Cantareira passem a receber água de outros mananciais em situação menos crítica.
Nesta terça (14), o nível do sistema Cantareira correspondia a 4,5% da capacidade.
"A Sabesp agradece a contribuição dos consumidores na redução do consumo, que continua sendo essencial para enfrentar a seca mais grave da história", conclui a nota enviada pela empresa.
Ao contrário do que costuma fazer, a companhia não respondeu individualmente sobre os casos de falta de água colhidos pela Folha.
Desde o início da crise da água, a Sabesp e a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) vêm negando haver um problema generalizado na cidade.
Apesar de questionada em diversas ocasiões sobre moradores relatarem falta de água à noite, e agora também em períodos do dia, a companhia vem dizendo que não está reduzindo o volume de água entregue à população.
A presidente da empresa, Dilma Pena, nega haver racionamento em São Paulo.
Na última quarta-feira (8), em depoimento à CPI da Câmara Municipal que investiga a crise hídrica, ela reconheceu pela primeira vez que existe uma "falta de água pontual", causada por "diminuição da pressão noturna que atinge em média 1% ou 2% da população".
Dilma declarou, porém, que a prática da Sabesp não é um racionamento, mas uma "administração de disponibilidade de água".
A fala foi criticada pelos parlamentares, que chamaram os termos usados pela executiva de eufemismos.
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