Folha de S. Paulo


CPI sobre falta de água é 'teatrinho', diz presidente da Sabesp a vereador

A presidente da Sabesp, Dilma Pena, e o vereador Andrea Matarazzo (PSDB) classificaram como "teatrinho" a atuação dos vereadores na CPI da Câmara Municipal que trata do contrato da empresa com a capital.

Gravação feita durante reunião pública da CPI captou diálogo entre Dilma e Matarazzo antes do depoimento prestado por ela no dia 8.

Os dois estavam sentados um ao lado do outro.

Matarazzo tentava tranquilizá-la e afirmou que a comissão "não tem a menor consequência [efeito]".

Zanone Fraissat - 08.out.12/Folhapress
A presidente da Sabesp, Dilma Pena, durante a CPI da empresa, na Câmara Municipal de São Paulo
A presidente da Sabesp, Dilma Pena, durante a CPI da empresa, na Câmara Municipal de São Paulo

Ao que a presidente da Sabesp respondeu: "teatrinho". O tucano, então, concordou dizendo: "totalmente".

Em seguida, o vereador tucano enumera a Dilma os parlamentares membros da CPI. Um deles é o ex-tucano José Police Neto (PSD), alvo de críticas de Dilma.

"Ele [Police Neto] é muito sem-vergonha, a gente ajudou ele tanto e ele jogou os pés no nosso peito", afirma a presidente da Sabesp.

Matarazzo diz que "é assim mesmo" e dá dicas sobre como ela deve agir ao ser pressionada pelos vereadores.

"Dilma, vai por mim, não se impressione. Esquece", diz o tucano. "A consequência é zero, nada", emenda.

O vereador sugere a Dilma que ela deixe os parlamentares "ficarem gritando à vontade, entra por um lado e sai pelo outro".

Matarazzo afirma que Dilma deve lembrar que é "mais séria do que todos" os vereadores e prossegue dizendo que os parlamentares sequer podem prender.

O tucano fala a ela, então, sobre o depoimento que prestou à CPI dos Bingos, em 2007, quando era secretário municipal das Subprefeituras da gestão José Serra.

Na ocasião, segundo o relato, ele "fez o diabo" só para provocar os Tatto (família de parlamentares petistas).

Questionado sobre a conversa, em nota, Matarazzo afirmou que era um diálogo privado, com trechos truncados. O vereador afirmou que só tentava tranquilizar Dilma.

A presidente da Sabesp, também em nota, afirmou que a "gravação é ilegal e fere o direito constitucional da privacidade".

Ela diz que frases pinçadas "distorcem a análise e a informalidade da conversa". Também elogiou Police Neto, que "atuou altivamente na elaboração do contrato entre a prefeitura, o Estado e a Sabesp".

O vereador do PSD, no entanto, disse que pretende abrir um processo contra Dilma. "Dilma Pena sofre de racionamento ético e moral. A CPI fica pequena frente à agressão. Difamação é arma dos que têm baixa reputação", afirmou.

Dilma foi convidada a prestar novo depoimento nesta quarta (15) na CPI.


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