Folha de S. Paulo


Moradores fazem protesto em Campinas contra falta de água

Cerca de 50 moradores fecharam na tarde desta terça-feira (14) uma avenida no bairro Jardim Santo Antônio, na periferia de Campinas (a 93 km de SP), em um protesto pela falta de água.

"Estamos há seis dias sem água, e no mercadinho estão cobrando R$ 20 por um galão de 20 litros", diz Daniel Barreto de Andrade, 17, estudante do 1º ano do ensino médio. "Depois a Sanasa vai reembolsar a gente?", indagou, referindo-se à companhia de água e esgoto local.

Carros, motos, ônibus e caminhões precisam fazer o retorno na avenida Celso Delledonni, que está intransitável desde as 14h, após moradores atearem fogo em galhos de árvore, pneus e entulhos no meio da via. Um carro da guarda municipal com dois agentes foi ao local, mas fez a volta e foi embora, como os demais veículos.

"Como vou tocar o comércio sem água?", questiona Janaína Aparecida do Nascimento, 28, dona de um mercadinho em frente ao protesto. "A gente quer saber o que eles vão fazer. Já ligamos na Sanasa e eles dizem que não tem previsão de voltar."

"Nunca fui em um protesto na minha vida, mas desta vez vou ter de entrar", diz a cabeleireira Vera Lúcia Basques dos Santos, 25. "Está horrível a situação. Todo mundo tem criança em casa não pode ficar sem água."

SITUAÇÃO DOS RIOS

Terceira maior cidade do Estado, com 1,1 milhão de habitantes, Campinas sofre desde o fim de semana com um desabastecimento de água que chegou a afetar metade da população.

O problema ocorre devido à baixa vazão e à má qualidade da água dos rios Atibaia e Capivari, de onde a empresa capta água para abastecer a população (o primeiro é responsável por 93% da cidade e o segundo, por 7%). Como os reservatórios da empresa são capazes de manter Campinas abastecida por apenas seis horas, o fornecimento é rapidamente prejudicado.

A reportagem esteve perto do ponto de captação da Sanasa no rio nesta terça (14), e o cenário encontrado é desolador. Um líquido preto acinzentado com um cheiro forte corria pelo leito.

"O Atibaia deu uma leve melhorada, mas o Capivari está assustador. Eu nunca vi algo assim", afirma Paulo Tinel, consultor operacional da Sanasa. "Não existe água no rio, é praticamente só lançamento de esgoto, tratado ou não."

Segundo a Sanasa, cerca de 20% da população continua sem água na cidade. Os bairros mais afetados são o Jardim Santo Antônio e os DICs, que são abastecidos pelo rio Capivari.


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