Folha de S. Paulo


Calor atípico e seca agravam crise em SP

Termômetros acima do padrão, umidade em baixa, previsão de mais um período prolongado de estiagem. Em meio à maior crise hídrica de São Paulo, as notícias não poderiam ser piores.

A temperatura nesta segunda-feira na capital paulista ultrapassou o patamar histórico para a primavera.

Em Santana, zona norte, a estação oficial do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), que faz a medição considerada a oficial de São Paulo, registrou 35,9º C.

É a terceira temperatura mais alta para um mês de outubro desde 1943, quando a série histórica teve início (veja quadro nesta página).

Trata-se da temperatura mais alta da primavera até agora, e a quarta maior deste ano. Só três dias seguidos em fevereiro atingiram temperaturas maiores.

Já a estação do IAG/USP, na zona sul, registrou ontem a temperatura de 36,1º C, a maior desde 1933, incluído todas as estações do ano.

O calor atípico deixa o quadro da crise hídrica mais grave –ontem o volume das represas do Cantareira chegou a 4,7%, novo recorde.

Massas de ar quente, como a que está estacionada sobre São Paulo, impedem a entrada de frentes frias vindas do Sul onde é mais urgente a necessidade de chuva.

Para alimentar o sistema Cantareira é preciso chover ao norte da Grande São Paulo, como, por exemplo, na região de Atibaia.

Não bastasse o calor fora da curva, a umidade do ar baixa faz piorar a sensação de abafamento na cidade.

Há seis dias, a umidade relativa do ar em São Paulo tem ficado entre os 18% e 30%.

Calor e ar seco ressecam as narinas, aumentam a proliferação de vírus e afetam principalmente crianças e idosos.

Editoria de Arte/Folhapress

Na Grande São Paulo, desde o final de semana, existe outro agravante: a poluição do ar, que, de acordo com a classificação da agência ambiental de São Paulo, a Cetesb, estava ontem "muito ruim" e chegou ao inédito nível "péssimo", no sábado.

Desde que os padrões da qualidade do ar ficaram mais rígidos na capital, há um ano e meio, nunca a poluição havia sido classificada como péssima pelo órgão oficial.

O poluente ozônio, um gás venenoso em altas concentrações, ficou em níveis alarmantes tanto na Cidade Universitária quanto em todo parque do Ibirapuera.

Ontem, as duas regiões ainda tinham o ar "muito ruim". Classificação também obtida nas medições em Interlagos, Itaquera e Santana.

Para piorar, as previsões dos meteorologistas para os próximos dias não são boas.

Segundo Graziella Gonçalves, da Somar Meteorologia, as temperaturas altas devem seguir até ao menos a próxima segunda, sem chuva.

Amanhã à noite, uma frente fria sobre o litoral trará mais umidade para a capital.


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