Folha de S. Paulo


Protestos por falta de água em Itu terminam em ônibus incendiado

Dois protestos de moradores de Itu (a 101 km de SP) por causa da falta de água na cidade acabaram com um ônibus queimado e confronto com a PM neste domingo (12) na região do Pirapitingui. Ninguém foi detido.

Cerca de 300 manifestantes protestaram no bairro Cidade Nova e outros 500 no Jardim do Éden, entre o fim da tarde e o começo da noite, e bloquearam a rodovia Waldomiro Correia de Camargo (SP-079), que liga Itu a Sorocaba.

O protesto foi pacífico no Cidade Nova, mas no Jardim do Éden um ônibus foi queimado e a Força Tática da PM foi acionada, dispersando os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral e balas de borracha.

Uma nova manifestação está marcada para a tarde desta segunda (13), pelo mesmo motivo, na Câmara Municipal –que no mês passado foi alvo de ovos, tomates e pedras em um ato que reuniu cerca de 2.000 pessoas.

"Era Dia das Crianças e as pessoas se revoltaram porque não tinha água", diz Bruno Henrique da Silva, 23, estudante técnico em informática que mora no Cidade Nova e acompanhou os dois protestos.

"É um dia para você fazer um almoço legal em casa. Aí, como não tinha água, as mulheres começaram a bater panelas e o protesto foi crescendo", afirma o jovem. "Depois do protesto enviaram uns 20 caminhões-pipa para abastecer o bairro."

ELEIÇÃO

Bruno diz que a prefeitura chegou a melhorar a distribuição de água na cidade na véspera das eleições, mas a situação voltou a piorar depois. "Antes [do primeiro turno], tinha água a cada dois dias. Depois disso não veio mais." Outros moradores ouvidos pela Folha relatam o mesmo problema.

Herculano Passos (PSD), prefeito de Itu entre 2005 e 2012, é acusado por parte da população de ser o responsável pela crise de água na cidade. O atual prefeito, Antônio Tuíze (PSD), e o presidente da Câmara, Doutor Bastos (PSD), são aliados do ex-prefeito –que em 5 de outubro foi eleito deputado federal.

"Hoje tem sessão aberta. Vamos tentar fazer algo pacífico", diz Bruno. "Se quebrar tudo, como da outra vez, quem paga é a gente. Mas acho que vai ter bastante gente, por que a situação está feia aqui."

Procuradas, a Prefeitura de Itu e a concessionária de água da cidade não responderam aos questionamentos da reportagem até o momento.

OUTRO LADO

Procurada, a Águas de Itu, concessionária responsável pelo abastecimento na cidade, afirmou em nota que "o racionamento está funcionando em toda a cidade, assim como o atendimento por caminhões-pipa também".

Os bairros onde houve protestos, diz a concessionária, "são abastecidos em dias alternados, das 18h às 6h". Sobre o envio de caminhões-pipa, afirmou que o atendimento "já estava programado". "No total, foram 30 caminhões, sendo dez ontem e 20 hoje."

Questionada sobre os protestos, a Prefeitura de Itu se limitou a encaminhar à Folha as mesmas respostas enviadas pela concessionária.


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