Folha de S. Paulo


Cantareira bate novo recorde negativo e opera com 5,5% de sua capacidade

Sem chuva, o sistema Cantareira registrou nova queda histórica e opera hoje com apenas 5,5% de sua capacidade. O índice é o mais crítico já registrado pela Sabesp.

O governo estadual, no entanto, insiste que o racionamento não é necessário.

A Folha mostrou que apesar das previsões de que os próximos meses deverão ter chuvas dentro da média em São Paulo, isso não garante que o Cantareira volte a ter níveis confortáveis de reserva de água até abril, segundo especialistas.

Ainda que chova bem acima do esperado, a superfície seca e exposta do Cantareira terá maior dificuldade em reter a água.

Na terça-feira (7), um dia após a divulgação de uma ação civil pública para restringir a retirada de água do Cantareira, a Sabesp disse que pretende reduzir a captação.

"Quanto maior a redução, maior a capacidade de recuperação do sistema com as chuvas que se avizinham", afirmou o superintendente de Produção de Água da empresa, Marco Antonio Lopez Barros, à rádio CBN.

Não há, segundo a Sabesp, uma definição do quanto seria essa diminuição nem se ela traria impactos no abastecimento da população.

Lopez disse que a empresa trabalha para "melhorar o número" proposto em um estudo inicial encaminhado à agência federal de águas (ANA) e ao departamento estadual responsável (DAEE) para que liberem o uso da segunda cota do "volume morto" do sistema –reserva que está abaixo do ponto de captação.

A direção da ANA classificou esse projeto inicial como "muito fraco".

A própria Sabesp havia previsto enviar aos órgãos um novo plano até a segunda passada (6) –um dia após o primeiro turno das eleições, no qual o governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi reeleito. Até a noite desta terça, a companhia ainda não havia apresentado o projeto.

A Folha solicitou entrevista com Lopez. Segundo a Sabesp, isso não foi possível.

Em nota, a empresa disse que a redução informada pelo superintendente é "uma das hipóteses" e que ela "não seria de imediato".

AÇÃO

A ação ajuizada pelo Ministério Público Federal e pelo Ministério Público Estadual pretende, além de reduzir a captação, impedir a retirada integral da segunda cota do "volume morto". Ele pede ainda à Justiça Federal que exija da Sabesp metas para recuperação do Cantareira.

O superintendente afirmou ser hoje "remota" a possibilidade de retirada dessa última reserva. "Temos água suficiente para que possamos passar um bom período."

Lopez também falou que pode haver retiradas menores. "A necessidade da aprovação do uso [por ANA E DAEE] é mais para que a gente possa ter uma garantia diante de cenários mais críticos."


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