Folha de S. Paulo


Chuvas de verão não devem bastar para o Cantareira, afirma especialista

Apesar das previsões de que os próximos meses deverão ter chuvas dentro da média em São Paulo, isso não garante que o sistema Cantareira volte a ter níveis confortáveis de reserva de água até abril, segundo especialistas.

Ainda que chova bem acima do esperado, a superfície seca e exposta do Cantareira terá maior dificuldade em reter a água.

Segundo os cálculos do professor da Poli-USP Rubem Porto, o Cantareira deve chegar a abril com mais ou menos 8% do nível útil de sua capacidade –isto é, sem contar o "volume morto". Em abril passado, esse nível era de 13%.

"Esses valores são esperados caso tenhamos uma entrada de água no sistema até 30% menor do que a média histórica no Cantareira", diz Porto. A projeção já prevê uma vazão menor por causa da exposição do solo e dinâmicas hidrológicas.

A análise considera que as chuvas dos próximos meses deverão recompor a maior parte já utilizada da primeira etapa do "volume morto" e, além disso, dar uma margem de 8% da capacidade ao reservatório.

Neste caso, o sistema chegaria a abril com seu menor índice no início de um período tradicionalmente seco no Estado.

PROJEÇÃO

Em uma hipótese extrema, projetada pela Sabesp, caso as chuvas de verão não ocorram em grande volume, o abastecimento estaria garantido até março.

Dessa forma, a empresa teria que usar a segunda etapa do "volume morto". A Sabesp ainda está preparando um relatório para obter a liberação das agências reguladoras para a exploração desse volume.

Em setembro, o secretário estadual Mauro Arce (Recursos Hídricos) chegou a estimar que a primeira cota do "volume morto" acabaria em 21 de novembro. Seguindo a mesma conta, na hipótese de não ocorrer chuvas, o segundo "volume morto" acabaria no final de janeiro.

A empresa afirma que, além das chuvas, medidas como o combate a perdas de água, bônus para quem economizar e o uso de recurso de outros sistemas devem amenizar o quadro de escassez.


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