Folha de S. Paulo


Cantareira bate novo recorde negativo e opera com 5,6% de sua capacidade

O sistema Cantareira voltou a bater novo recorde nesta terça-feira (7). De acordo com dados da Sabesp, o reservatório opera apenas com 5,6% da capacidade, índice mais baixo da história.

Na segunda-feira (6), esse número era de 5,8%. Há um ano, o índice era de 40%.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) descarta a possibilidade de racionamento e utiliza o volume morto da represa para que o abastecimento continue no Estado.

O Ministério Público Estadual e o Ministério Público Federal de São Paulo pediram à Justiça que a Sabesp limite a retirada de água do sistema Cantareira e que vete o uso da segunda etapa do volume morto.

Segundo a ação, o uso da segunda etapa do volume morto, que a Sabesp trabalha para ser aprovada, deve ocorrer apenas excepcionalmente e para evitar o colapso no abastecimento.

A ação civil pública argumenta que a continuidade de retirada de água do Cantareira poderá trazer sérias implicações ao abastecimento público, levando a um "colapso do sistema", além de prejuízos ao meio ambiente e à saúde pública. A ação foi movida por promotores de Piracicaba e Campinas e por um dos procuradores de Piracicaba.

Entre os réus, a ação cita a ANA (Agência Nacional de Águas), o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo) e a Sabesp.

A Sabesp espera poder usar a segunda fase do volume morto para atenuar a crise de abastecimento pela qual passa a região metropolitana de São Paulo.

Segundo o secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, Mauro Arce, a primeira cota da reserva técnica do Sistema Cantareira (que começou a ser usada em maio) deve se esgotar no dia 21 de novembro.

JÁ ERA ESPERADO

A falta d'água em São Paulo já era esperado desde 2011. É o que mostra um relatório da Sabesp obtido pela Folha.

Segundo o documento, a companhia estadual estava operando no ano anterior (2010) com deficit de 1.500 litros por segundo entre a demanda e a oferta de água estimadas para a região metropolitana. Segundo o estudo, só não faltou água porque a situação hidrológica era "favorável".

O relatório ainda diz que esse deficit tendia a aumentar nos anos seguintes, chegando a um máximo de 5.800 litros por segundo em 2015 -água suficiente para atender 1,7 milhão de pessoas.


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