Folha de S. Paulo


Idosos têm perda de visão após passar por cirurgia de catarata em mutirão

Idosos tiveram perda de visão após serem submetidos, no início de agosto, a uma cirurgia de catarata realizada durante um mutirão promovido pela Prefeitura de Barueri, na Grande São Paulo.

De acordo com a prefeitura, 20 pacientes passaram pelo procedimento e 18 tiveram problema. No domingo (28), o programa "Fantástico", da TV Globo, reuniu 11 desses pacientes, que relataram não enxergar após a cirurgias. Cada um deles foi operado em apenas um olho.

Em nota, porém, a prefeitura afirmou que "os pacientes estão sendo avaliados e que, até o momento, apresentam quadro de baixa visão e não de cegueira". A maior parte dos pacientes tem mais de 60 anos e relatava dificuldades para enxergar por conta da doença.

Segundo Eduardo Menezes, subsecretário de Saúde de Barueri, os 18 pacientes relataram dor intensa após as cirurgias, sendo que 12 deles apresentaram quadro de Síndrome Tóxica do Segmento Anterior.

A síndrome se caracteriza por edema na córnea. De acordo com o professor de oftalmologia da Unifesp, Rubens Belfort Jr., a lesão é reversível com administração de colírios. Em casos mais graves, porém, é necessário transplante de córnea.

A prefeitura afirma que os pacientes estão sendo acompanhados e, "caso venham a apresentar maior comprometimento da visão do olho operado, serão encaminhados para o transplante".

O médico responsável pelas cirurgias não teve o nome divulgado. Segundo a administração municipal, ele "teve a iniciativa de comunicar o ocorrido ao hospital e aguarda a apuração dos fatos e laudos conclusivos do que possa ter levado aos problemas apresentados pelos pacientes submetidos ao procedimento".

"Isso geralmente é provocado por agentes químicos nos medicamentos, materiais de esterilização, no pó de luva ou lubrificante da lente. São muitas as possibilidades", afirma Menezes. De acordo com ele, o hospital realizou mais de 200 mutirões desde 2008, sem que problemas do tipo tenham ocorrido.

INVESTIGAÇÃO

As cirurgias aconteceram no dia 6 de agosto. Na época, o Hospital Municipal de Barueri era administrado pela organização social Pró-Saúde, cujo contrato com a prefeitura expirou no fim daquele mês.

A entidade informou que abriu a sindicância para apurar o caso, mas que a investigação agora está sob responsabilidade da secretaria, com com colaboração da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), do Cremesp (Conselho Regional de Medicina de SP) e da Vigilância Sanitária do Estado.

A prefeitura diz que dois laboratórios que forneceram as medicações usadas nas cirurgias já se manifestaram, mas que aguarda a posição de um terceiro fornecedor da substância anestésica para prosseguir com a investigação.

Editoria de Arte/Folhapress

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