Folha de S. Paulo


Sabesp reconhece cortes de água em relatório enviado à Promotoria

A redução na pressão à noite tem relação direta com os casos de falta de água. A afirmação está em relatório da Sabesp sobre as medidas para enfrentar a crise no sistema Cantareira e contradiz o que a empresa tem informado desde que começaram a surgir queixas sobre cortes noturnos.

No relatório "Operação Emergencial do Sistema Cantareira", de abril, a estatal diz, na pág. 12: "Valendo-se da gestão da pressão, pode-se atingir menores valores de produção [de água], com impacto direto no número de relações de falta de água".

O documento foi enviado em julho pela Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos da gestão Geraldo Alckmin (PSDB) ao Ministério Público, que abriu um inquérito sobre a crise da água.

A Sabesp sempre informou que a redução na pressão noturna era feita dentro das normas técnicas, de forma a não provocar cortes, e que falhas no abastecimento por causa dela eram casos isolados.

A redução da pressão em maio foi 26% maior que no mesmo mês de 2013, diz outro documento da Sabesp apresentado à Promotoria. O índice considera todos os horários, não só o período da noite. O documento informa que a medida pode causar falta de água em pontos mais altos.

A redução da pressão é uma medida adotada regularmente, como forma de evitar ou diminuir vazamentos na rede. Mas, em julho, Paulo Massato, diretor metropolitano da Sabesp, disse que a companhia a intensificou à noite para preservar os reservatórios que abastecem a Grande SP.

A Arsesp (agência estadual de saneamento) investiga se ela é uma forma de racionamento. A Sabesp nega.

Questionada sobre o relatório, a empresa voltou a dizer que a redução da pressão não causa falta de água.

"Ressaltamos que a gestão da pressão é realizada apenas para reduzir perdas de água, de modo que o cliente mantém seu abastecimento através de utilização de reservação (caixa-d'água)."

A empresa disse que o relatório não se refere a problemas de falta de água: "O documento fala em relação, ou seja, em impactos, que em muitas regiões foram positivos, em outras, negativos".

Segundo ela, a "prova" de que a redução não tem relação com falhas no abastecimento é que o número de queixas por falta de água está no mesmo nível que em 2013.


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