Folha de S. Paulo


Cantareira libera mais água para o interior para evitar racionamento

O sistema Cantareira passou a liberar mais água para o interior do Estado de São Paulo nesta sexta-feira (19) devido à vazão crítica dos rios da bacia PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí).

A autorização foi concedida pela ANA (Agência Nacional de Águas), entidade federal, e pelo Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica), estadual, responsáveis pela gestão do Cantareira.

A medida atende a um pedido de prefeituras e empresas do interior, que utilizam a água dos rios para abastecimento humano, na agricultura e na indústria. Diversas cidades da região de Campinas, como Valinhos, Cosmópolis e Santo Antônio de Posse, estão ou estiveram em racionamento este ano.

Ontem, o Consórcio PCJ, associação que reúne prefeituras, empresas e entidades de 43 cidades das regiões de Campinas, Jundiaí e Piracicaba (região com cerca de 5,5 milhões de habitantes), divulgou nota afirmando que várias cidades estavam enfrentando "severas dificuldades" para captar água.

"Campinas, por exemplo, só o está fazendo porque o município de Jundiaí está deixando de captar água no rio Atibaia durante quatro horas por dia para não prejudicar a captação da Sanasa [empresa mista de água e esgoto de Campinas]."

Com a medida adotada hoje, os rios Atibaia e Jaguari, que formam o Piracicaba, passaram a receber 5 m3/s de água do sistema Cantareira –um conjunto de quatro reservatórios construídos a partir do represamento desses rios, que nascem no sul de Minas Gerais e desaguam no Piracicaba.

Para a Grande SP, a quantidade de água que está sendo enviada atualmente é de cerca de 19 m3/s, e a previsão é que esse volume seja reduzido para 17,1 m3/s até outubro.

Em condições normais, o sistema libera 3 m3/s para o interior e 24,8 m3/s para a capital e região metropolitana, onde é usada para abastecer cerca de 8,8 milhões de pessoas.

Na prática, o aumento da vazão para o interior faz com que o sistema Cantareira esvazie mais rapidamente. Do 1,46 trilhão de litros de água de capacidade –sendo 974 bilhões de "volume útil" e 486 bilhões de "volume morto" (ou reserva técnica)–, restam 384 bilhões de litros de água.

Pela metodologia da Sabesp, que opera o sistema, o Cantareira está hoje com 8,08% da capacidade–o menor patamar da história. A companhia estadual de água e esgoto considera em seu o cálculo apenas a água que suas bombas de captação conseguem alcançar.

SITUAÇÃO CRÍTICA

Nesta semana, Santo Antônio de Posse, cidade de 22 mil habitantes na região metropolitana de Campinas que está sob racionamento, decretou emergência. Valinhos, cidade de 118 mil habitantes que capta água no rio Atibaia antes de Campinas, raciona água desde o início do ano.

Terceira maior cidade do Estado, Campinas capta, em média, 3,4 m³/s no Atibaia -que abastece cerca de 95% da população da cidade, atualmente com 1,15 milhão de habitantes.

Às 14h30, a vazão do rio a cerca de 1 km do ponto de captação da Sanasa era de exatos 3,4 m³/s. Na quarta (17), chegou a 2,75 m3/s.

"De forma generalizada, todos os rios da região estão com vazões críticas, o que pode comprometer o abastecimento de diversos municípios e empresas", afirmou o consórcio, na nota de ontem. "A vazão do rio Piracicaba também está extremamente baixa, em torno de 10 m³/s."


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