Folha de S. Paulo


Grafiteiros se unem para pintar muro apagado na região central de SP

Os baixios de três viadutos da avenida 23 de Maio (região central de São Paulo), pintados de cinza para a Copa do Mundo numa ação desastrada da prefeitura, ficarão coloridos de novo.

O trabalho começou a ser pintado nesta segunda-feira (15) sob os viadutos Guilherme de Almeida, Cidade de Osaka e Mie Ken, nas proximidades do bairro japonês da Liberdade, no sentido Lapa-Penha da via.

Um grupo de grafiteiros liderados pelo designer Maxx Figueiredo conseguiu a autorização da subprefeitura da Sé para o novo painel. A tinta para o mural será fornecida gratuitamente pela Coral.

Entre os artistas convidados estão MEV, Mono, MLOK e Gomes, que tiveram seus trabalhos –alguns feitos há mais de dez anos– cobertos de cinza naquele local.

Na mesma leva de tinta foi apagado um trabalho do grafiteiro Nunca embaixo do viaduto Jaceguai, perto dali. O artista conseguiu, com mediação da prefeitura, que a empresa de "apagar grafites" bancasse novo painel.

Nunca é um artista reconhecido internacionalmente: já pintou os muros do museu Tate Modern, de Londres. Seu painel apagado era de 2005, feito a convite do SESC e com autorização do município.

EM VEZ DE CINZA

"Em vez de usar uma verba para cobrir de cinza, a prefeitura vai incentivar a arte e ainda economizar porque o muro não vai ser vandalizado novamente. Os pichadores respeitam", diz Maxx, explicando seu argumento para autorizar o novo painel na administração municipal.

Em junho, quando o grafite de Nunca foi coberto com tinta cinza, a prefeitura afirmou que as empresas terceirizadas responsáveis pelo serviço não conseguem diferenciar "manifestação artística de dano ao patrimônio".

A prefeitura trabalha para criar um manual para orientar sobre o que deve ou não ser apagado.


Endereço da página:

Links no texto: