Folha de S. Paulo


Ministério Público denuncia Cadu, mas teme a morte dele na prisão

O Ministério Público de Goiás denunciou na terça-feira (16) Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, 28, o Cadu, sob acusação de latrocínio (roubo seguido de morte), tentativa de latrocínio, receptação e porte ilegal de arma. Os crimes foram cometidos em agosto, em Goiânia.

A denúncia, assinada pelo promotor Fernando Braga Viggiano, será encaminhada à Justiça.

Na peça, Cadu é apontado como assassino do estudante Matheus Pinheiro de Morais, 21, que teve seu carro roubado no dia 31 de agosto, e autor do disparo contra o agente penitenciário Marcos Vinícius Lemes da Abadia, 46, no dia 28 de agosto, após roubar o carro dele. Abadia foi baleado na cabeça e está internado em estado grave.

Cadu também vai responder por porte ilegal de arma e receptação.

Divulgação
Cadu, assassino confesso do cartunista Glauco, foi preso por suspeita de latrocínio pela polícia de GO
Cadu, assassino confesso do cartunista Glauco, foi preso por suspeita de latrocínio pela polícia de GO

Para o promotor, há indícios de que Cadu esteja envolvido com uma quadrilha especializada em furto de carros comandada de dentro dos presídios. Por isso, ele diz temer pela vida de Cadu.

Viggiano afirma que ele pode ser executado por outro preso ou "induzido a cometer suicídio como uma forma de queima de arquivo".

Ainda segundo o promotor, Cadu pode divulgar quem são os mandantes dos crimes e quem o ajudou "a qualquer instante, caso deseje". "Nisto, sim, reside o receio de provável execução do denunciado", diz o promotor.

Com base nesse risco, a Promotoria solicitou ao Núcleo de Custódia, onde Cadu está preso, que adote medidas administrativas para "assegurar a integridade física e psicológica do denunciado" e envie um relatório mensal sobre a situação.

Caso ocorra algum incidente, Cadu deve ser transferido para um presídio de segurança máxima.

O promotor afirma que Cadu "é bastante consciente a respeito dos atos ilícitos que tem praticado, agindo com o mesmo 'modus operandi' [da quadrilha] na companhia de outras pessoas".

A defesa dele não quis comentar a denúncia. "Não fomos citados pela Justiça ainda, não temos o que falar. Como é um caso grave, até o fim da semana devemos ser notificados", diz o advogado de Cadu, Sérgio Divino Carvalho Filho.

QUEBRA DE SIGILO

O Ministério Público solicitou à Justiça a quebra de sigilo telefônico do celular que Cadu usava. O objetivo é coletar todas as ligações e mensagens no período entre 10 de agosto e 1º de setembro.

Segundo o promotor, a medida ajudará a identificar os envolvidos nos crimes e a confirmação da participação de Cadu na quadrilha de roubo de carros em Goiânia.

Cadu foi detido em flagrante em 1º de setembro ao dirigir um dos carros roubados pelas ruas de Goiânia. Junto com ele, foi detido Ricardo Pimenta Andrade Junior, que dirigia outro veículo roubado.

O carro em que Cadu estava foi reconhecido pelo delegado Thiago Damasceno Ribeiro, que já investigava os latrocínios. Cadu foi perseguido e preso pelo policial Wilson Lins de Ávila Júnior, 28, um ex-colega da faculdade de direito que Cadu frequentou em 2005.

O CASO

Cadu confessou que matou o cartunista Glauco Vilas Boas e o filho dele Raoni Vilas Boas em 2010, mas foi considerado inimputável por ser esquizofrênico, segundo a Justiça. Ficou internado em São Paulo e foi transferido para uma clínica de Goiânia, em 2012, para ficar próximo do pai.

Em 2013, a juíza Telma Aparecida Alves autorizou que seguisse o tratamento em liberdade, com base em parecer favorável de uma junta médica do Tribunal de Justiça, do Ministério Público e do Paili (Programa de Atenção Integral ao Louco Infrator). Um relatório obtido pela Folha relatava que Cadu demonstrou mudanças de comportamento dias antes dos novos crimes.


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