Folha de S. Paulo


Sem chuva, nível do Cantareira volta a cair e atinge marca de 9,7%

O nível do sistema cantareira voltou a cair nesta quinta-feira (11). De acordo com o balanço diário divulgado pela Sabesp, o principal manancial de abastecimento da Grande São Paulo opera com 9,7% de sua plena capacidade.

Desde o começo deste mês, choveu na região do sistema o equivalente a 30,1 mm. Ou seja, em 11 dias choveu 1/3 do esperado para todo o mês.

Segundo os boletins meteorológicos do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), até novembro, há pouca chance de chover forte sobre as represas.

Nesta quarta-feira (10), o nível do manancial marcou, pela primeira vez desde que o volume morto começou a ser usado, nível abaixo dos 10%. O bombeamento das reserva técnica começou a ser feito no dia 15 de maio e deu uma sobrevida para as represas do Cantareira.

A Sabesp está fazendo mais obras para retirar uma segunda cota do "volume morto", de 110 bilhões de litros. A estatal não informa o custo dessas obras nem a data em que iniciaria o novo bombeamento. Diz apenas que a segunda cota será usada "se houver necessidade".

Enquanto isso, o nível do sistema baixa 0,1 ou 0,2 ponto percentual por dia.

Para o professor da USP Rubem Porto, o nível do Cantareira não deve chegar nem a 50% antes de 2016. "Temos tempos duros pela frente. Se as séries históricas se repetirem e se a Sabesp conseguir retirar uma quantidade pequena de água do sistema, mesmo após a seca atual, ele levará de 1,5 a 2 anos para encher pela metade", diz.

Ao longo da crise, a Sabesp diminuiu em mais de 10 mil litros por segundo a retirada de água do Cantareira, conforme dados da ANA.

Em parte, a redução foi por economia de água: seja pela queda no consumo (estimulada por bônus na conta), seja pela restrição no fornecimento à noite (pela redução na pressão da rede) –medida que coincide com uma onda de queixas de falta de água.

Por outro lado, a menor retirada foi compensada pelo remanejamento de água entre sistemas, como Guarapiranga e Alto Tietê. Juntos, os dois já assumiram ao menos 2 milhões dos 8,8 milhões de usuários do Cantareira.

Embora crucial para garantir o abastecimento da região metropolitana que abriga 10% da população do país, a medida trouxe impactos.


Endereço da página:

Links no texto: