Folha de S. Paulo


Encontrado o corpo de segunda vítima de rompimento de barragem em MG

Uma segunda vítima do rompimento de uma barragem numa mina em Itabirito (a 55 km de Belo Horizonte) foi encontrada pelas equipes de resgate na tarde desta quarta-feira (10).

Os bombeiros retiraram da área soterrada o corpo de um motorista, que estava dentro de um caminhão. Um terceiro homem continua desaparecido. O Corpo de Bombeiros interrompeu as buscas na noite desta quarta. Os trabalhos devem ser retomados na manhã de quinta (11).

O deslizamento ocorreu em uma área da empresa Herculano Mineração na manhã desta quarta-feira. Com o rompimento, um grande volume de rejeitos de minério e lama desceu e atingiu veículos da empresa –segundo os bombeiros de Ouro Preto, quatro caminhões e uma retroescavadeira.

Trabalham no resgate 21 bombeiros. Três pessoas foram retiradas do local, sendo que uma delas ficou ferida e foi levada para o pronto-socorro do Hospital João 23, em Belo Horizonte.

O homem, de 44 anos, que pediu para não ter o nome divulgado, teve ferimentos leves e já recebeu alta.

Após avaliar a situação da área, o Corpo de Bombeiros decidiu interditar uma outra barragem, por haver risco de rompimento. No local, há cinco barragens, segundo a área ambiental do governo de Minas.

Quatro carros dos bombeiros de Ouro Preto e outros três da corporação em Belo Horizonte foram enviados de manhã ao local. Bombeiros ligados à Prefeitura de Itabirito também trabalham no resgate das vítimas.

INVESTIGAÇÃO

Segundo a Semad (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos), a Herculano Mineração "possui licença ambiental e, atualmente, está em processo de revalidação de licença de operação".

Em nota, a secretaria diz que o secretário de Meio Ambiente, Alceu Torres Marques, sobrevoou o local do acidente e afirmou que equipes vão avaliar se houve alguma violação por parte da empresa.

A última auditoria na estrutura que rompeu foi feita em setembro de 2013 e nenhum problema foi identificado na barragem, segundo a secretaria. As auditorias são feitas a cada dois anos.

A Herculano Mineração não se pronunciou sobre o acidente. A reportagem tentou diversas vezes, mas não conseguiu contato com a empresa na tarde desta quarta.

OUTROS CASOS

Acidentes com barragens não são novidade em Minas Gerais. Em março de 2003, uma delas se rompeu em Cataguases, jogando rejeitos industriais ao longo de 200 km do Rio Paraíba do Sul e afetando o fornecimento de água em cidades do Rio de Janeiro.

Em março de 2006, o vazamento de 400 mil m³ de rejeito de bauxita de uma empresa de mineração em Miraí (MG) atingiu os rios Fubá e Muriaé e causou a suspensão da captação e distribuição de água em Itaperuna (RJ) e Laje do Muriaé (RJ).

Nesta última, escolas ficaram sem aula, e hospitais foram abastecidos por carros-pipa, enviados pela mineradora por determinação da Justiça.

No ano seguinte, os municípios de Muriaé e Miraí, em Minas, foram afetados por 2 bilhões de litros de resíduos contaminados por bauxita que vazaram de outra barragem da mesma empresa após uma forte chuva. Famílias ficaram desalojadas.


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