Folha de S. Paulo


Dessalinização atenuou racionamento em Fernando de Noronha

Implantada há dez anos em Fernando de Noronha, a dessalinização atenuou, mas ainda não resolveu os problemas de abastecimento do arquipélago, situado a 545 km da costa pernambucana.

Com cerca de 2,8 mil moradores e uma área de 17 km², apenas a maior das 21 ilhas de Noronha é habitada, segundo dados do IBGE e do governo de Pernambuco.

Nela, a população vive sob um rodízio de um dia com água para cada seis dias sem.

"Vejo notícias sobre o risco de racionamento em São Paulo e penso: 'Mas isso é normal aqui'", afirma Ailton Araujo Junior, 33.

Recifense, ele vive em Fernando de Noronha desde criança e atualmente é conselheiro distrital da ilha –espécie de "vereador" do único distrito estadual do país.

Araujo Jr. conta que, antes da dessalinização, a água vinha em intervalos ainda maiores, de dez ou mais dias.

"Todos têm reservatórios grandes para ter água ao longo da semana. Se falta, pedimos uma 'pipa' à Compesa [Companhia Pernambucana de Saneamento]", conta.

Quando necessário, a concessionária retira e distribui em caminhões-pipa água proveniente das duas outras fontes da ilha: os poços artesianos ou o açude do Xaréu.

Mas a solução é provisória: segundo a companhia, os poços têm baixa produtividade e o açude é intermitente –isto é, enche quando chove e seca no período de estiagem ou com o uso intensivo de água, especialmente na alta temporada.

Fernando Mola/Editoria de Arte/Folhapress

Nessa época, a população quase dobra. Dados oficiais apontam que Fernando de Noronha chega a receber 2.000 turistas nos primeiros meses do ano.

"No verão passado, a ilha encheu de visitantes e o açude secou. Ficamos por conta da dessalinização apenas", diz Araujo Jr.

Segundo a Compesa, o sistema dessalinizador funciona de 10 a 14 horas por dia, pois depende da maré.

"À medida que a maré vai baixando, a água que chega até o poço de sucção vai diminuindo porque é feita por gravidade", diz a empresa.

Segundo ela, está em fase de licitação uma obra que ampliaria a captação da água do mar, de maneira que a dessalinização ocorresse 24 horas por dia. O projeto, porém, ainda aguarda licença ambiental para ser executado, diz a empresa.


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