Folha de S. Paulo


Após rebelião, ônibus e carro da Prefeitura de Cascavel são incendiados

Um ônibus do transporte coletivo e um carro da Prefeitura de Cascavel (498 km de Curitiba) foram incendiados entre a noite deste domingo (24) e a madrugada desta segunda-feira (25) na cidade paranaense que enfrenta uma rebelião de presos na penitenciária estadual que já dura 25 horas.

Próximo ao Palio incendiado no pátio da prefeitura, homens não identificados picharam em uma lixeira a sigla PCC, da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). A polícia apura relação entre os veículos incendiados e a rebelião.

A rebelião no presídio tem um saldo de pelo menos quatro presos mortos, sendo dois deles decapitados, e ao menos três reféns, segundo a Secretaria da Justiça. OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e Sindarspen (Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná) dizem, porém, que pode haver mais mortos.

Os presos rebeldes se posicionaram no telhado do presídio, onde estenderam uma faixa do PCC.

Não há informações confirmadas sobre o número de feridos, mas pelo menos quatro presos foram jogados do telhado do presídio, de cerca de 15 metros –dois deles morreram. Durante o domingo, várias ambulâncias saíram da penitenciária com feridos.

De acordo com a Polícia Militar, bandidos atearam fogo no ônibus por volta das 23h em frente a um colégio na avenida Papagaios, bairro Clarito, região Norte da cidade. Não há informações sobre feridos.

Embora a prática seja comum em várias cidades brasileiras, foi o primeiro caso de ônibus do transporte coletivo incendiado em Cascavel. Houve uma tentativa de colocar fogo num veículo há cerca de dois anos.

O ônibus foi incendiado após uma tentativa de assalto, segundo a PM.

REBELIÃO

Na penitenciária, as negociações com os presos amotinados foram suspensas às 20h deste domingo, e vã ser retomadas na manhã desta segunda-feira (25).

Durante a rebelião, dezenas de presos foram transferidos para a PIC (Penitenciária Industrial de Cascavel), vizinha à unidade com rebelião, e para presídios de Francisco Beltrão e Maringá.

A Penitenciária Estadual de Cascavel tinha 1.040 detentos no presídio no momento da rebelião e apenas nove agentes para fazer a segurança, de acordo com o sindicato dos funcionários.

Na rebelião, que começou por volta das 7h deste domingo, os amotinados atearam fogo em colchões e subiram no telhado dos pavilhões, onde estenderam uma faixa do PCC. A energia elétrica foi cortada pela Copel (Companhia Paranaense de Energia Elétrica).

Os presos reclamam de más condições do presídio e de uma suposta agressividade dos agentes. Eles exigem a presença de um desembargador do Tribunal de Justiça e da imprensa dentro do presídio. Um juiz da Comarca de Cascavel e a secretária de Justiça do Paraná, Maria Tereza Uille Gomes, estão no local tentando negociar com eles.

Do lado de fora, centenas de familiares aguardam o desfecho do motim. Muitos rezam, enquanto outros choram.


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