Folha de S. Paulo


Abdelmassih chega a SP sob gritos de maníaco; mulher tenta agredi-lo

O ex-médico Roger Abdelmassih chegou ao aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, por volta das 15h40 desta quarta-feira (20). Ele desembarcou sob gritos de maníaco e safado. Uma mulher chegou a tentar agredi-lo, mas foi contida por policiais.

Cinco vítimas do ex-médico acompanharam a chegada de Abdelmassih e o usaram palavras como maníaco, manipulador, safado e criminoso contra ele. Depois choraram e disseram que não dormiram nem comeram só para estar no aeroporto e ver a cara dele depois de preso.

"Agora começa o processo de cura. Mas vamos atrás de quem estava acobertando ele", disse Helena Leardini, uma das cinco vítimas que foram até o aeroporto.

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Imagens: André Monteiro

"Ele reconheceu as vítimas quando chegou, mas diz que não é bem assim, que há exagero. Ele alega inocência e diz que vai reverter a situação. Mas chorou bastante lá dentro quando lembrou dos filhos", disse o delegado Osvaldo Nico Gonçalves.

Abdelmassih foi trazido para São Paulo pela Polícia Federal e entregue para a Polícia Civil paulista. Ele passou por corpo de delito na delegacia do aeroporto e seguiu em direção à penitenciária de Tremembé (a 147 km de São Paulo), conhecido como "Presídio de Caras". Ele chegou na unidade no início da noite.

O ex-médico foi preso na tarde de terça-feira (19) em Assunção, capital do Paraguai. Ele estava vivendo no país vizinho com o nome de Ricardo e pretendia viajar para o Líbano, segundo informações da Polícia Federal. Nico disse que, no depoimento, Abdelmassih afirmou não ter mais dinheiro e que é sustentado pela mulher. Revelou ainda que estava havia três anos no Paraguai e que nunca tinha saído do país.

Após a prisão, ele foi levado para Foz do Iguaçu, onde passou a noite em uma cela, ao lado de um contrabandista.

Segundo o delegado da Polícia Federal Marcos Paulo Pimentel, as polícias de Brasil e Paraguai entraram em um acordo para prender o ex-médico por irregularidades na migração. Abdelmassih estava no Paraguai sem permissão de entrada ou visto.

O ex-médico foi condenado a 278 anos de prisão por 48 estupros cometido contra 37 mulheres, e estava entre os dez criminosos mais procurados de São Paulo, com uma recompensa de R$ 10 mil para quem passasse informações que levassem a sua prisão.

O CASO

O caso foi denunciado pela primeira vez ao Ministério Público em abril de 2008, por uma ex-funcionária do médico, e revelado pela Folha em janeiro de 2009. Depois, diversas pacientes com idades entre 30 e 40 anos bem-sucedidas profissionalmente disseram ter sido molestadas quando estavam na clínica de Abdelmassih.

As mulheres dizem ter sido surpreendidas por investidas do especialista quando estavam sozinhas –sem o marido e sem enfermeira presente (os casos teriam ocorrido durante a entrevista médica ou nos quartos particulares de recuperação). Três afirmam ter sido molestadas após sedação.

Formalmente, Abdelmassih foi acusado de estupro contra 39 ex-pacientes, mas como algumas relataram mais de um crime, há 56 acusações contra ele. Desde que foi acusado pela primeira vez, Abdelmassih negou por diversas vezes ter praticado crimes sexuais contra ex-pacientes. O médico afirma que foi atacado por um "movimento de ressentimentos vingativos".

Abdelmassih também já chegou a afirmar que as mulheres que o acusam podem ter sofrido alucinações provocadas pelo anestésico propofol.


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