Folha de S. Paulo


Abdelmassih usava nome falso e poderia fugir para Líbano, diz PF

O ex-médico Roger Abdelmassih, condenado a 278 anos de prisão por 48 estupros cometidos contra 37 mulheres, planejava fugir para a Itália ou para o Líbano, possivelmente utilizando o nome de Ricardo. A informação é da Polícia Federal.

Abdelmassih foi preso ontem no Paraguai, depois de três anos e sete meses foragido. Segundo o delegado da Polícia Federal Marcos Paulo Pimentel, Abdelmassih pretendia ficar pouco tempo na capital paraguaia e depois sair do continente. O ex-médico só não fez isso, pois teve dificuldades em aprontar a documentação devida. "Não há indícios de documentos falsos, apenas de que se apresentava com o nome de Ricardo na escola dos filhos", completou.

Abdelmassih passou a última noite numa cela, ao lado de um contrabandista, na PF de Foz do Iguaçu.

Segundo o delegado, as polícias de Brasil e Paraguai entraram em um acordo para prender o ex-médico por irregularidades na migração. Abdelmassih estava no Paraguai sem permissão de entrada ou visto.

O CASO

O caso foi denunciado pela primeira vez ao Ministério Público em abril de 2008, por uma ex-funcionária do médico, e revelado pela Folha em janeiro de 2009. Depois, diversas pacientes com idades entre 30 e 40 anos bem-sucedidas profissionalmente disseram ter sido molestadas quando estavam na clínica de Abdelmassih.

Editoria de Arte/Folhapress

As mulheres dizem ter sido surpreendidas por investidas do especialista quando estavam sozinhas –sem o marido e sem enfermeira presente (os casos teriam ocorrido durante a entrevista médica ou nos quartos particulares de recuperação). Três afirmam ter sido molestadas após sedação.

Formalmente, Abdelmassih foi acusado de estupro contra 39 ex-pacientes, mas como algumas relataram mais de um crime, há 56 acusações contra ele. Desde que foi acusado pela primeira vez, Abdelmassih negou por diversas vezes ter praticado crimes sexuais contra ex-pacientes. O médico afirma que foi atacado por um "movimento de ressentimentos vingativos".

Abdelmassih também já chegou a afirmar que as mulheres que o acusam podem ter sofrido alucinações provocadas pelo anestésico propofol.


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